Peço desculpa pela insistência mas mais uma tragédia a isso obriga. Desta vez o drama de uma criança que, no meio de uma festa familiar, acaba por morrer trancada dentro do carro dos pais devido ao calor.
É evidente que existirá um lado de imprevisibilidade e risco na vida de todos os dias mas a verdade é que continuamos a ser um dos países europeus em que as crianças mais são vítimas de acidentes domésticos. Nas mais das vezes verifica-se alguma negligência ou excesso de confiança da nossa parte, adultos, na vigilância dos miúdos.
O que me parece importante sublinhar é que num tempo em que os discursos e as práticas sobre a protecção da criança estão sempre presentes também se verifica um número altíssimo de acidentes mortais o que parece paradoxal. Por um lado, protegemos as crianças de forma que, do meu ponto de vista, me parece excessiva e por outro lado e em muitas circunstâncias, adoptamos atitudes e comportamentos altamente negligentes e facilitadoras de acidentes que com a inexperiência e o à vontade próprias dos mais pequenos podem ter consequências trágicas.
A culpa que alguém pode carregar depois de uma episódio desta natureza será, creio, suficientemente forte para que deixemos de lado o aspecto da culpabilização. A questão é mesmo de promover uma cultura de atenção e de minimização, tanto quanto possível, das situações de risco.
E não vale a pena pensar que só acontece aos outros.
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