Não é, obviamente, um problema exclusivo do Ministério da Educação, é um problema genérico da nossa administração. Sempre que se verificam auditorias e inspecções a diferentes serviços e organismos da administração local ou central, emergem níveis assustadores de ineficácia e desperdício no funcionamento e gestão dessas estruturas, quando não ilegalidades, aliás frequentes. Lamentavelmente, como todos sabemos, não é um problema novo nem conjuntural, é velho e estrutural. A grande questão é a irresponsabilidade e a impunidade negligente com que as sucessivas lideranças políticas lidam com esta questão. Os interesses partidários, a distribuição de jobs pelos diferentes boys, alimentam este quadro que ninguém parece verdadeiramente interessado em mudar. Este exemplo do Dr. João Pedroso, ilustre membro do PS, que recebeu uns milhares de euros para encher umas pastas com fotocópias de legislação, tarefa complicada e exigente que nem sequer cumpriu, tendo, no entanto, recebido a verba definida por ajuste directo é apenas mais um exemplo desta máquina de desperdício e do favor aos amigos.
Apesar da acusação agora deduzida contra a equipa dirigente do ME responsável por tal situação, não acredito que este processo conduza a efeitos reais de condenação. Existem demasiados telhados de vidro, o esquema serve a todos, é só uma questão de circunstância e calendário.
Esta cultura está de tal maneira enraizada que, tragicamente, nós já a encaramos como uma espécie de estranha conformidade e sem capacidade de nos indignarmos.
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