O I de hoje refere os dados do estudo da GFK sobre a confiança dos cidadãos de 19 países em diferentes profissões e organizações.
Tal como nos anos anteriores, bombeiros, professores e carteiros são os profissionais em quem os portugueses mais parecem confiar, enquanto políticos, advogados e banqueiros acompanhados agora pelos juízes vêem a confiança em si andar pelas ruas da amargura, pois estando no fim da lista de confiança viram os resultados piorar. De notar nos dados deste ano o abaixamento da confiança envolvendo sindicatos e organizações de caridade.
É bonito sentir que os portugueses confiam genericamente em quem cuida do seu bem estar e ajuda em caso de necessidade, os bombeiros.
Parece-me também de salientar a confiança em quem lhes constrói o futuro, os professores, cuidando do seu mais precioso bem, os filhos, apesar de tanta gente, alguns pertencendo à classe, se esforçar por abalar a imagem destes profissionais quer por ignorância, má-fé, ingenuidade ou interesses corporativos.
Finalmente acho muito bonito a ideia de confiar em quem lhes traz as notícias do mundo, os carteiros, provavelmente, com a secreta esperança de que sejam notícias boas. Mas mesmo quando portadores de más notícias, o mensageiro merece confiança.
Por outro lado, é significativo, inquietantemente significativo, que, nos que geram o nosso destino, ainda por cima por delegação cívica de nossa responsabilidade, os políticos e nos que deveriam ser os administradores e garantes dos direitos, da equidade e da justiça, advogados e juízes, a confiança é baixa, ou de forma menos simpática, a desconfiança é muita.
É certo que estes grupos têm vindo a fazer um notável esforço para que a nossa confiança em si e na sua actuação atinja estes níveis. Deve dizer-se que são bem sucedidos, todos os dias temos exemplos e episódios que alimentam este sentimento. Basta olhar para a imprensa durante esta semana.
A minha maior preocupação é que a arquitectura cívica e política que se instalou não permite facilmente a tão necessária mudança, eles continuam sempre a perceber-se como parte da solução quando são parte do problema.
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