quinta-feira, 2 de junho de 2011

ESQUEÇAM. A TRADIÇÃO AINDA É O QUE ERA

A proposta da Ordem dos Enfermeiros de que este grupo profissional possa prescrever fármacos, exames complementares de diagnóstico e ajudas técnicas em determinadas circunstâncias, à semelhança do que já acontece em vários países, como Espanha, Estados Unidos e Inglaterra já mereceu, como seria de esperar, uma recusa liminar por parte da Ordem dos Médicos.
Esta reacção, obviamente de natureza corporativa, resulta de que a prescrição é uma das reservas fundamentais de poder por parte da classe médica que, prescindo de parte dele, se sentiria enfraquecida.
A argumentação com base na qualificação científica e, portanto, com a segurança dos doentes é naturalmente de ponderar pelo que deixo duas notas breves.
Em primeiro lugar, a formação dos enfermeiros portugueses é genericamente reconhecida internacionalmente. Sabe-se a frequência com que são recrutados profissionais em Portugal para desempenho de funções noutros países, por exemplo na Inglaterra, onde dentro dos limites estabelecido podem prescrever.
Por outro lado, os estudos dos hábitos ligados à saúde em Portugal mostram como somos um país com práticas muito enraizadas de auto-medicação. Tal situação, além de nos tornar fortíssimos consumidores de fármacos, representa, isto sim, uma ameaça à saúde por uso indevido do medicamento. Neste quadro, a participação dos enfermeiros no processo, poderia, do meu ponto de vista, ser um contributo para minimizar os efeitos desta situação.
No entanto, como sempre, vai ser uma questão de poder e, como é hábito no que respeita ao poder da classe médica, a tradição ainda é o que era.

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