Os exames nacionais do Secundário têm cumprido nos últimos anos duas funções em simultâneo, certificar o cumprimento do Ensino Secundário e ordenar o processo de candidatura ao Ensino Superior. Sempre me pareceu uma má decisão, a certificação dos saberes do Secundário é uma tarefa do Secundário e o acesso ao Superior é uma tarefa do Superior e, portanto, deveriam estar separadas. Espero que a nova equipa do ME que junta secundário e superior considere tal questão. Mas isso seria uma outra conversa. Voltando aos exames e considerando o facto de a educação se ter transformado, também, numa arena de interesses políticos, partidários e corporativos, creio que, mais do nunca, estarão outros aspectos em exame.
Estará em exame o grau de dificuldade dos exames. Exames mais acessíveis tenderão a ser interpretados como forma de promoção de sucesso escolar com objectivo de promover estatísticas favoráveis ao ME como, aliás, tem acontecido. Exames menos acessíveis serão considerados como excessivamente selectivos.
Estará, como sempre, em exame a política do ME. Com os tempos conturbados que se vivem e o clima instalado nas escolas, os resultados nos exames tenderão a ser instrumentalizados, quer sejam mais positivos, o empenho e o profissionalismo resistente dos professores, quer sejam menos positivos, a perturbação introduzida nas escolas teria de ter consequências.
Estará em exame o trabalho dos professores e escolas, tanto o desenvolvido nas aulas como o desenvolvido em dispositivos de apoio e em condições de funcionamento contributivas para o maior ou menor sucesso. Também aqui os resultados, seja qual for o sentido, serão apropriados pelas diferentes visões em campo. Ou serão apropriados por estruturas representativas dos professores ou pelo discurso do ME.
Finalmente, estará em exame o conhecimento e o grau de preparação dos alunos, justificação primeira da sua existência mas que nem sem sempre são devidamente consideradas. Se os resultados são mais positivos os exames eram fáceis, se são menos positivos, os exames eram difíceis. É bom não esquecer que a maioria os estudantes procura preparar-se a sério para os exames.
Aguardemos então pelas apreciações. Sem surpresa discutir-se-á o grau de dificuldade dos exames.
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