Hoje, pensava em como vão difíceis estes tempos e na forma como os nossos destinos, por incompetência própria e efeitos dos modelos de desenvolvimento social e económico que subordinados a essa entidade indefinida que toda a gente reverencia, chamada de “mercados”, parecem cada vez mais dependentes de terceiros e, portanto, fora da nossa capacidade de os determinar.
Os discursos e comportamentos dos que se propõem manter ou aceder ao poder não parecem suficientemente convincentes para que se instale de forma sólida a confiança no futuro.
Lembrei-me de umas palavras lindíssimas escritas por Manuela de Freitas para um fado inicialmente interpretado por José Mário Branco, o Fado Penélope.
“Eu encho o meu vazio de coragem,
Fazendo e desfazendo o que não quero”.
Este vazio que nos parece ir preenchendo de mansinho e que nos roí a coragem de acreditar e de querer, deixa-nos perdidos na circularidade do fazer, desfazer o que não queremos.
Tardamos a vislumbrar uma luz neste túnel que parece estreitar-se e escurecer a cada dia que passa, o futuro parece longe, muito longe, para lá da nossa capacidade de o antecipar.
“Eu encho o meu vazio de coragem,
Fazendo e desfazendo o que não quero”.
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