Os resultados das provas de aferição dos 4º e 6º ano, ontem divulgados, continuam a acentuar a debilidade das competências e conhecimentos dos alunos em Matemática e Português. Aliás, a percentagem de alunos com negativa aumentou nas quatro provas ainda que de forma diferenciada, com a Matemática a evidenciar piores resultados.
A discussão habitual sobre este tipo de resultados centra-se, quase sempre, na apreciação sobre o grau de exigência dos exames e é também excessivamente contaminada pela agenda política dos opinadores, veja-se o comentário emanado do ME.
Do meu ponto de vista, a questão tem que ser recentrada no que é essencial, as competências e conhecimentos dos alunos nas duas ferramentas fundamentais de acesso ao conhecimento, o domínio do Português e da Educação Matemática.
A promoção de maiores competências e conhecimentos nestas duas áreas remete para o que me parece ser uma das mais urgentes prioridades dos nosso sistema educativo, a revisão curricular, quer a nível dos conteúdos, quer a nível da sua organização.
Se repararmos na matriz curricular em vigor parece relativamente claro que o tempo de trabalho destinado a português e à educação matemática dificilmente permitirão obter melhores resultados, apesar de iniciativas como o Plano Nacional de Leitura ou o Plano de Acção para a Matemática ou do trabalho das escolas que, através de dispositivos de apoio próprios, tentam minimizar as dificuldades de muitos alunos. Dado o volume de dificuldades e os recursos das escolas, estas iniciativas acabam, em regra, por ter como destinatários menos alunos do que o necessário.
Defendo de há muito um primeiro ciclo com seis anos e uma reorganização de conteúdos para estes primeiros anos de escolaridade obrigatória em que o Português e a e a Educação Matemática devem ocupar um lugar central.
Creio que de uma forma geral se entende que o correcto domínio da língua de trabalho, o português, é um requisito fundamental para as aprendizagens em todas as áreas curriculares, bem como a literacia matemática, base do conhecimento científico. Não se compreende, portanto, o pouco peso curricular dado ao Português e à educação matemática, sobretudo no 2º ciclo em pleno processo de aquisição das ferramentas básicas de domínio da língua nas suas várias dimensões.
Assim sendo, independentemente da boa vontade de escolas e docentes ou de planos de natureza supletiva, a questão central remete para mais e melhor trabalho em dois domínios essenciais, a Língua Portuguesa e a educação matemática.
Daí a urgência da reforma curricular, a discussão cíclica em torno da maior ou menor dificuldade dos exames é, quase, irrelevante.
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