O Natal como se sabe é um tempo
simbolicamente ligado à família.
Por coincidência, lê-se no JN com
chamada a primeira página que o Tribunal de Família e Menores do Porto decidiu
enviar manter em acolhimento institucional e enviar para adopção uma criança de
três anos, abando nada pela mãe e a quem o pai querendo empenhadamente garantir
os cuidados não tendo emprego e casa não está em condições de o assegurar,
pediu que lhe concedessem mais seis meses para tentar assegura condições mas
tal solicitação foi-lhe negada pelo Tribunal.
Não conheço pormenores pelo que
as notas seguintes são elaboradas com alguma reserva.
Apesar da evolução que se tem
constatado, continuamos com uma elevada quantidade de crianças
institucionalizadas, muitas das quais sem projectos de vida viáveis pese o
empenho dos técnicos e instituições. É também reconhecido que os processos de
adopção são morosos e que muitas crianças não reunem condições que lhes facilitem a adopção.
Seria desejável que se
conseguisse até ao limite promover a desinstitucionalização das crianças por
múltiplas e bem diversificadas razões e minimizar até ao limite a sua
institucionalização.
Recordo um estudo da Universidade
do Minho mostrando que as crianças institucionalizadas revelam, sem surpresa,
mais dificuldade em estabelecer laços afectivos sólidos com os seus cuidadores
nas instituições. Esta dificuldade pode implicar alguns riscos no
desenvolvimento dos miúdos e no seu comportamento.
A conclusão não questiona,
evidentemente, a competência dos técnicos cuidadores das instituições, mas as
próprias condições de vida institucional e aponta no sentido da adopção ou
outros dispositivos como forma de minimizar estes riscos e facilitar os
importantes processos de vinculação afectiva dos miúdos. Neste contexto acentua-se
a importância da promoção da existência de mais famílias de acolhimento que
respondam às situações que não são para adopção e promover processos de adopção
mais ágeis. Existem contextos familiares que podem reverter situações negativas
que justificam a retirada dos menores durante algum tempo e com apoio reconstruir
uma relação familiar bem-sucedida.
Uma família que de facto o seja é
um bem de primeira necessidade na vida de uma criança.
Termino com uma afirmação de um
autor muito conhecido na área da educação e do desenvolvimento,
Bronfenbrenner, "Para que se desenvolvam bem, todas as crianças precisam
que alguém esteja louco por elas".
Aparentemente, a este pai não
chega querer sê-lo, nada faz pensar que não seja competente para o ser, falta-lhe
um emprego e uma casa.
A solução melhor será retirar-lhe
a filha, mantê-la numa instituição e aguardar que chegue, se chegar, um
processo de adopção?
Com que custos para a criança e
para este pai?
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