Os professores são reconhecidamente
uma classe generosa que olha para a sua profissão com sentido de missão, voluntariado e
serviço.
No ensino básico e secundário
existem milhares de professores que durante muitos anos são sucessivamente
contratados, realizam substituições de colegas, deslocam-se centenas de
quilómetros, dispersam a sua actividade por várias escolas e não acedem a um
lugar na carreira. A maioria não desiste e assim vai cumprindo a sua missão e sonho.
No ensino superior, situação
conhecida mas menos falada apesar das referências de hoje na imprensa, existem
professores e investigadores que asseguram aulas sem receber. Correm atrás da remota possibilidade de uma carreira de docência e/ou de investigação.
Os directores e responsáveis das
instituições de ensino superior entendem como normal, a realização de uma
espécie de “voluntariado” realizado “a pedido dos investigadores” para
“disseminação da sua investigação”. Curiosamente alguns afirmam que estas
unidades curriculares nem são “necessárias para o funcionamento dos ciclos de
estudos”, serão, presume-se uma espécie de ATL para gente desocupada, os
voluntários que as leccionam e os alunos que as frequentam.
Acontece ainda que estes “voluntários”
não podem fazer constar a actividade docente no seu currículo pois os
responsáveis pelas unidades curriculares que leccionam terão de ser docentes da
carreira.
Para além da questão óbvia da
sobrevivência sem salário, trata-se evidentemente, de uma situação lamentável
que atinge a dignidade das pessoas e das instituições que despudoradamente
assim procedem.
1 comentário:
Concordo inteiramente. Mas eu não me atreveria a enlevar uma profissão de forma generalizada e sem reservas. Pessoalmente penso que o (salvo raras excepções) assentava que nem uma luva.
Mas isso sou eu...
VIVA!
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