Professora condenada a seis anos de prisão efectiva por maus-tratos a 19 alunos
As coisas nem sempre são o que parecem, o que pensamos que são ou mesmo o que gostávamos que fossem.
Na verdade, há pais que fazem mal aos filhos.
Na verdade, há filhos que fazem mal aos pais.
Na verdade, há professores que fazem mal aos alunos.
Na verdade, há alunos que fazem mal aos professores.
Na verdade, há velhos que fazem mal aos novos.
Na verdade, há novos que fazem mal aos velhos.
Na verdade, ...
Na verdade, há pessoas que fazem mal a pessoas.
Na verdade, ... o mundo é um lugar estranho e ... às vezes ... muito feio
2 comentários:
É verdade, José, que o mundo parece às avessas. Mas só porque nos ensinaram que os pais sempre darão a vida pelos filhos e que os filhos sempre morrerão chamando baixinho pela 'mãe'. Amores puros e eternos.
Mas sabemos que não é sempre assim, como nos conta Elizabeth Badinter no seu 'Amor Incerto'. Não porque os pais não amem os filhos, mas porque há mais configurações no amor, e as culturas vão modelando e legitimando diferentes formas de relações no processo educativo. Que incluem espartilhos mentais, emocionais e comportamentais muito diferentes em diferentes culturas, como sabemos.
É mesmo um dos grandes argumentos contra uma parte do modelo comportamentalista de Watson e Skinner, que prevê que a relação de amor pais-filhos é aprendida e condicionada em cada cultura pelas suas crenças e normas e reforçada pelos comportamentos socialmente aprovados. Deveria então prever que a relação de pais maltratantes com os filhos constituiria um reforço negativo para a relação de amor entre os filhos e os seus pais. Mas encontramos muito frequentemente o contrário: crianças maltratadas, espancadas, violadas pelos pais, etc, onde o amor pelos seus progenitores maltratantes não sofreu um processo de extinção.
Claro que se podem encontrar outros factores que justifiquem a persistência do amor desses filhos pelos pais, mas o caso é que essa, como outras cenas também fazem parte das configurações culturais do amor.
Quanto está legitimado na nossa cultura o comportamento da professora, do pai ou da mãe que batem nas crianças? Para além da lei?
É verdade Marta, as relações de poder e de afecto são frequentemente difíceis de gerir porque para além de outras variaveis, cultura, por exemplo, são permeáveis a dimensões psicológicas importantes.
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