Inicia-se amanhã o processo de candidatura ao
ensino superior que se prolongará por algum tempo e a questão em torno da
escolha do curso reentra na agenda embora, provavelmente, muitos dos alunos
tenham a decisão tomada. A imprensa dedica hoje um espaço significativo a esta
matéria sublinhando a diminuição das vagas disponíveis embora se mantenha ainda uma enorme e diversificada
oferta.
É também disponibilizada, e nem sempre tratada da
melhor forma, informação da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência
relativa a diplomados e empregabilidade.
Do meu ponto de vista importa aprofundar ao esforço de racionalização e reorganização da rede do Ensino Superior em Portugal
de forma a corrigir enviesamentos significativos com consequências, quer ao nível da qualidade da formação, quantidade é pouco compatível com
qualidade, quer da empregabilidade.
No entanto, para além desta questão, nesta altura coloca-se sempre o problema da escolha e
dos critérios a considerar em caso de dúvidas.
Nesta perspectiva, algumas notas, sublinhando
desde logo a importância da formação qualificada que nunca é demais enfatizar
num país em que os níveis de qualificação de nível superior são insuficientes.
No que respeita à escolha do curso, a questão
mais colocada pode ser assim enunciada, os jovens deverão seguir a sua motivação
e interesse ou a escolha deve obedecer ao que se conhece do mercado de
trabalho, isto é, nível de empregabilidade e saídas profissionais tão abordadas
pela imprensa nesta altura?
Para muitos de nós, provavelmente, a resposta
será fácil, seja num sentido ou no outro. Alguns dirão que cada jovem deve,
obviamente, seguir o seu desejo, o seu gosto, só assim se realizará. Ideia
romântica e sem noção da realidade que corre o sério risco de desembocar no
desemprego, dirão outros, para os quais a escolha deve ser racional,
pragmática, realista, o jovem deve procurar uma formação que lhe garanta, tanto
quanto possível, saída profissional e para isso deve "estudar" o
mercado e assim proceder à escolha. Os primeiros acharão que este entendimento
pode levar a um risco de frustração e desencanto que podem instalar-se em quem
"faz o que não gosta".
Na verdade não será fácil a escolha para muitos
jovens a que acresce, frequentemente, a pressão familiar ou de outras pessoas
para a "escolha acertada".
Dito isto, sou dos que entendem que cada um de
nós deve poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o permitirem, a sua
narrativa, cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também nos ensina que é
preciso estar atento aos contextos e às condições que os influenciam, sabendo
ainda a volatilidade e rapidez com que hoje em dia a vida acontece e rápida
variabilidade dos mercados de trabalho.
Nesta perspectiva, parece-me importante que um
jovem, sabendo o que a sua escolha representa, ou pode representar, nas
actuais, sublinho actuais, condições do mercado de trabalho, faça a sua escolha
assente na motivação ou no projecto de vida que gostava de construir e, então,
informar-se sobre as opções, sobre as escolas e respectivos níveis de qualidade
a que pode aceder para se qualificar.
Finalmente, do meu ponto de vista, boa parte da
questão da empregabilidade, mesmo em situações de maior constrangimento,
relativiza-se à competência, este é o ponto fulcral.
Na verdade, o que frequentemente me inquieta é a
ligeireza com que algumas pessoas parecem encarar a sua formação superior,
assumindo logo aqui uma atitude pouco "profissional", cumprem-se os
serviços mínimos e depois logo se vê. A formação académica é mais do que um
título que se cola ao nome, é um imprescindível conjunto de saberes e
competências que sustentam um projecto de vida pessoal e profissional com
melhores perspectivas de sucesso.
Mesmo em áreas de mais baixa empregabilidade, ou
assim entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus exemplos que todos
conhecemos, a competência e a qualidade da formação e preparação para o
desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar nesse
"longínquo" mercado de trabalho.
Dito de outra maneira, maus profissionais terão
sempre mais dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou mais fechado.
Boa sorte e boa viagem para todos os que vão
iniciar agora esta fase fundamental nas suas vidas.
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