domingo, 19 de julho de 2015

A ESCOLHA DO CURSO

Inicia-se amanhã o processo de candidatura ao ensino superior que se prolongará por algum tempo e a questão em torno da escolha do curso reentra na agenda embora, provavelmente, muitos dos alunos tenham a decisão tomada. A imprensa dedica hoje um espaço significativo a esta matéria sublinhando a diminuição das vagas disponíveis embora se mantenha ainda uma enorme e diversificada oferta.
É também disponibilizada, e nem sempre tratada da melhor forma, informação da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência relativa a diplomados e empregabilidade.
Do meu ponto de vista importa aprofundar ao esforço de racionalização e reorganização da rede do Ensino Superior em Portugal de forma a corrigir enviesamentos significativos com consequências, quer ao nível da qualidade da formação, quantidade é pouco compatível com qualidade, quer da empregabilidade.
No entanto, para além desta questão, nesta altura coloca-se sempre o problema da escolha e dos critérios a considerar em caso de dúvidas.
Nesta perspectiva, algumas notas, sublinhando desde logo a importância da formação qualificada que nunca é demais enfatizar num país em que os níveis de qualificação de nível superior são insuficientes.
No que respeita à escolha do curso, a questão mais colocada pode ser assim enunciada, os jovens deverão seguir a sua motivação e interesse ou a escolha deve obedecer ao que se conhece do mercado de trabalho, isto é, nível de empregabilidade e saídas profissionais tão abordadas pela imprensa nesta altura?
Para muitos de nós, provavelmente, a resposta será fácil, seja num sentido ou no outro. Alguns dirão que cada jovem deve, obviamente, seguir o seu desejo, o seu gosto, só assim se realizará. Ideia romântica e sem noção da realidade que corre o sério risco de desembocar no desemprego, dirão outros, para os quais a escolha deve ser racional, pragmática, realista, o jovem deve procurar uma formação que lhe garanta, tanto quanto possível, saída profissional e para isso deve "estudar" o mercado e assim proceder à escolha. Os primeiros acharão que este entendimento pode levar a um risco de frustração e desencanto que podem instalar-se em quem "faz o que não gosta".
Na verdade não será fácil a escolha para muitos jovens a que acresce, frequentemente, a pressão familiar ou de outras pessoas para a "escolha acertada".
Dito isto, sou dos que entendem que cada um de nós deve poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o permitirem, a sua narrativa, cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também nos ensina que é preciso estar atento aos contextos e às condições que os influenciam, sabendo ainda a volatilidade e rapidez com que hoje em dia a vida acontece e rápida variabilidade dos mercados de trabalho.
Nesta perspectiva, parece-me importante que um jovem, sabendo o que a sua escolha representa, ou pode representar, nas actuais, sublinho actuais, condições do mercado de trabalho, faça a sua escolha assente na motivação ou no projecto de vida que gostava de construir e, então, informar-se sobre as opções, sobre as escolas e respectivos níveis de qualidade a que pode aceder para se qualificar.
Finalmente, do meu ponto de vista, boa parte da questão da empregabilidade, mesmo em situações de maior constrangimento, relativiza-se à competência, este é o ponto fulcral.
Na verdade, o que frequentemente me inquieta é a ligeireza com que algumas pessoas parecem encarar a sua formação superior, assumindo logo aqui uma atitude pouco "profissional", cumprem-se os serviços mínimos e depois logo se vê. A formação académica é mais do que um título que se cola ao nome, é um imprescindível conjunto de saberes e competências que sustentam um projecto de vida pessoal e profissional com melhores perspectivas de sucesso.
Mesmo em áreas de mais baixa empregabilidade, ou assim entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus exemplos que todos conhecemos, a competência e a qualidade da formação e preparação para o desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar nesse "longínquo" mercado de trabalho.
Dito de outra maneira, maus profissionais terão sempre mais dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou mais fechado.
Boa sorte e boa viagem para todos os que vão iniciar agora esta fase fundamental nas suas vidas.

Sem comentários: