quinta-feira, 30 de julho de 2015

OS MIÚDOS QUE NÃO CABEM NA ESCOLA

Alegando falta de espaço, a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares não permitiu a inscrição de 11 alunos no 1º ano na escola da área de residência. Assim, dos 37 inscritos, a burocracia do MEC só decide aceitar 26 pois os restantes 11 só completarão seis anos a partir de Setembro. No entanto, de acordo com a lei, podem começar a frequentar a escolaridade obrigatória.
Como é evidente, a decisão da DGEstE foi tomada em nome da autonomia das escolas e sempre na defesa da qualidade, do rigor e da excelência da educação.
Assim, o MEC, que tem procedido ao fechamento de muitíssimas escolas, obriga à deslocalização de miúdos de seis anos porque a escola da sua área só vê aceite pelos competentes Serviços uma turma em vez das duas propostas.
As famílias protestam e algumas terão problemas adicionais com crianças dispersas por diferentes escolas.
De facto a vida dos miúdos vai-se tornando mais difícil.
Não cabem nas escolas porque falta espaço.
Não “cabem” nas escolas porque faltam recursos que os recebam e acomodem.
Não “cabem” nas escolas porque têm currículos que de tão “normalizados” não são capazes de integrar a sua diversidade.
Não “cabem” nas escolas porque são "diferentes".
Não “cabem” nas escolas porque os processos de selecção os vão empurrando a salinha ao lado e depois para a “empresa” ou para uma instituição própria para os seus problemas.
Não “cabem” nas escolas, porque demasiados alunos em muitas turmas torna-os “transparentes” e “abandonados”.
Não cabem nas escolas …
No fundo, mal cabem na vida.
Ministério da Educação? Será?

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