Creio que esta frase pretendia ser um elogio a essa enorme e exemplar figura de estadista aparelhista, o "Dr." Relvas. Inscreve-se, aliás, na operação em curso de lavagem e branqueamento que permita o regresso do "Dr." Relvas. No entanto, não me parece de todo um elogio. É a realista afirmação de uma visão política e dos políticos que fez escola na partidocracia portuguesa.
O controlo e cuidadosas gestão dos meandros dos aparelhos partidários são a essência da luta pelo poder político em Portugal.
É verdade que existe política para além dos aparelhos partidários. É difícil, é desenvolvida contra esses aparelhos a sua tentacular influência que inibe e combate o exercício da cidadania fora da esfera de influência dos aparelhos. Temos vamos conhecendo muitos exemplos.
Atente-se nas reacções já conhecidas e as que se adivinham relativamente à candidatura presidencial de Sampaio da Nóvoa vindas de vários quadrantes partidários.
Parece-me cada vez mais urgente a
reflexão sobre os modelos de organização da actividade política, alimentadores
da partidocracia instalada. Importa também promover a emergência de formas de
participação cívica fora dos aparelhos partidários dondição importante para a
construção de sociedades modernas, abertas, participativas e preocupadas com a
vida colectiva. Tal caminho criaria também uma pressão externa para a reforma
dos discursos e praxis dos próprios partidos.
A “insatisfação”, a
"desilusão" e "descrença" com a democracia, comprovada em
várias estudos, parece-me na verdade algo de preocupante, instalando de
mansinho um caldo de cultura favorável à emergência de derivas de natureza não
democrática de contornos populistas e demagógicos, produtos altamente perigosos
e inflamáveis. Marinho Pinto que o mostre.
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