segunda-feira, 20 de julho de 2015

UMA PÁGINA NEGRA DA DIPLOMACIA PORTUGUESA

Um ano depois, ensino do português chegou a sete funcionários da Guiné Equatorial

Confirma-se o que na altura escrevi como sendo umas páginas mais negras da diplomacia portuguesa nos tempos mais recentes, a admissão da Guiné Equatorial como membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
O Dr. Rui Machete, Ministro português(?) dos Negócios Estrangeiros afirmava em 2 de Março que não "existiam razões para duvidar" da palavra da Guiné Equatorial. A realidade bem conhecida e documentada desmente, obviamente, a afirmação do do Dr. Machete, vendido aos "negócios estrangeiros" no sentido literal do termo.
Como é evidente, a não ser que seja por "honoris causa" de que se não vislumbra a razão, não se percebe muito bem como um país que tem como língua oficial o castelhano, foi uma antiga colónia de Espanha, iria administrativamente mudar a sua língua oficial e passar a falar português para integrar a CPLP.
É ainda reconhecido o regime ditatorial, cleptocrata e corrupto que a governa, com a família governante perseguida pela justiça internacional, a miséria brutal em que vive a esmagadora maioria do seu povo, desrespeito absoluto por direitos humanos incluindo a pena de morte em vigor, etc.. As promessas assumidas para “comprar” a entrada na CPLP não passam disso mesmo promessas, os ditadores não se reciclam.
Esta adesão, um "final feliz" como lhe chamou uma figura ímpar da diplomacia portuguesa, o Secretário de Estado Campos Ferreira, constituiu um favor ao regime que lhe permite branquear a sua imagem e minimizar o crescente isolamento na comunidade internacional.
É certo que a CPLP corre também o risco de se transformar em Comunidade dos Países de Língua Acordesa, mas a entrada de um país de língua castelhana ou, uma nova variante transitória, o "conhecido portunhol" é algo de estranho, no mínimo.
Não terá qualquer relação com este processo, evidentemente, o facto da Guiné Equatorial ser o terceiro maior produtor de petróleo da África subsariana.
Talvez Rui Machete quando referia que não tinha razões para duvidar do regime da Guiné Equatorial tivesse em mente as promessas de "negócios estrangeiros" que comprem esta adesão e a tentativa de branqueamento internacional.
Uma "sem vergonhice" da diplomacia portuguesa decorrente da "realpolitik".

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