Vender por €100 mil aquilo que se produziu a €100. O incrível negócio dos medicamentos inovadores
O terrorismo é, provavelmente,
umas das maiores preocupações actuais.
Quando nos referimos a terrorismo
creio que a maioria de nós remete a ideia para os ataques bombistas ou com outros
meios e a brutalidade de acções como as ligadas ao designado Estado Islâmico ou
do Bokam Haram por terras africanas.
Sendo bastante mais mediatizadas
estas acções acabam por encobrir outras formas de terrorismo que sendo mais discretas,
por assim dizer, terão certamente efeitos mais devastadores, o terrorismo
económico, por exemplo.
Vejamos um exemplo absolutamente escandaloso
e delinquente, se não na lei, seguramente no domínio da ética, um bem em desuso
num mundo comandado pelos mercados.
Um produto inovador, comprovadamente
eficaz no combate à hepatite C tem um custo de produção situado entre os 60 a
120 €. Considerando a investigação que levou à sua criação, os custos de o produzir,
distribuir e divulgar o preço ficaria nos 300 €.
Acontece que esse produto é vendido
em Portugal a 20 000 € (o preço mais barato dentro da UE), no Egipto a 800 € e
nos Estados Unidos a 75 000 €.
Esta situação verifica-se também com
outros fármacos novos com capacidade de responder e combater algumas formas de
cancro.
Estes produtos, se vendidos a
preços acessíveis, mantendo ainda assim margens de lucro confortáveis,
salvariam milhões de vidas.
Esta “modalidade” de terrorismo
é, evidentemente, muito mais devastadora que a face mais visível do terrorismo.
Sabemos, sentimos, que muitas
dimensões das políticas económicas actuais configuram, do meu ponto de vista,
de “esquerdista radical”, uma modo de terrorismo que produz sem um sobressalto
para muitas lideranças milhões de pobres e excluídos.
Torna-se cada vez mais urgente um
profundo debate sobre modelos de desenvolvimento, dos valores e padrões éticos,
sociais e culturais em que vivemos, sobrevivemos ou nos afundamos.
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