No Público surge uma peça muito
interessante centrado nas actividades da Associação de Paralisia Cerebral de
Coimbra designadamente numa iniciativa que merece registo, a criação de uma banda musical,
a 5ª Punkada, constituída por pessoas que estão na Associação.
A peça é muito estimulante e elucidativa
dos esforços dos técnicos e das próprias pessoas no sentido de melhorar a sua
qualidade de vida.
No entanto, sem beliscar
minimamente o que está a ser feito, antes pelo contrário, o trabalho também mostra o caminho que
ainda temos que percorrer.
Tudo se passa, fundamentalmente,
dentro da instituição, inclusivamente é visitada para realização de oficinas de
aprendizagem por alunos de escolas.
Se bem atentarmos no testemunho
que cito em cima, uma pessoa entrevistada afirma “que não lhe doem os olhares nem as perguntas dos outros” ali está em
casa. Mas “Duro é lá fora, É ouvir adultos a dizerem “coitadinha …”, como se eu
fosse surda. Ou a comentarem que não me deviam deixar sair de casa”.
Muitas vezes afirmo que o
verdadeiro critério de inclusão é a participação, da forma possível, de todos
na vida de toda a comunidade.
Viver mais afastado dessa
comunidade, é aparentemente mais protector mas torna muito mais difícil mudar
ideias e atitudes. As pessoas lidam pior com o que conhecem pior. Podem ser más
ou intolerantes mas muitas vezes é ignorância, preconconteito e até medo. Quando
contactam regularmente, de uma forma geral, aceitam e desejam esse contacto. É enriquecedor para todos.
Não estou, insisto, a ser crítico
com o trabalho que realizado, estou apenas a tentar dizer que ainda temos um
longo caminho a percorrer e que importa tentar caminhar no sentido certo.
Também sei de há muitos anos que é muito, muito difícil, para todos.
E sei também que o caminho faz-se
caminhando.
É “só” isso, continuar a caminhar
e não parar dentro de uma Quinta.
2 comentários:
José, trabalho com a APCC e queria, antes de mais, agradecer-lhe a partilha.
Pretendia também deixar uma nota: apesar de o artigo não o referir (nem tudo cabe num artigo de jornal), os 5.ª Punkada têm uma existência tão intensa quanto possível fora dos muros da Quinta da Conraria. Fazem este mesmo workshop em escolas, dão concertos... sempre que possível, como qualquer banda! E o mesmo se passa com outros grupos musicais da APCC e outras atividades/serviços que são dinamizados. Como bem diz, o caminho da inclusão continua a ser longo, mas na APCC tenta-se ao máximo percorrê-lo.
Um abraço,
Pedro.
Olá Pedro, obrigado pelo comentário. Apesar de não ser de Coimbra conheço algum do trabalho que realizam e que me parece importante. O meu texto foi mais no sentido de, a propósito da peça do Público e do testemunnho da entrevistada, mostrar o que caminho difícil que a todos ainda nos espera apesar do muito que já percorremos.
Abraço
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