Segundo os dados agora conhecidos relativos a 2013/2014 a descida é mais significativa no 1º e 2º ciclos e ligeira no 3º ciclo e ensino secundário. Em todo caso as taxas de retenção insucesso e
abandono continuam muito elevadas. Portugal apresenta a terceira taxa mais alta
da OCDE de estudantes que repetiram pelo menos um ano lectivo ao longo do seu
percurso escolar, 34,9%.
Como seria de esperar o MEC vem
sublinhar que "Estes resultados evidenciam o impacto das várias medidas estabelecidas pelas escolas, de que é exemplo a possibilidade de - a qualquer momento do ano letivo, assim que detetadas as primeiras dificuldades dos alunos - existir um apoio adicional. Para além disto, existe ainda um período de acompanhamento extraordinário, disponibilizado após conhecidos os resultados da primeira fase das provas finais."
Afirma também que "Os dados indicam que o sistema de avaliação externa, nos anos finais de ciclo, está a conseguir incentivar os alunos a progredir."
Afirma também que "Os dados indicam que o sistema de avaliação externa, nos anos finais de ciclo, está a conseguir incentivar os alunos a progredir."
Julgo que o MEC deveria ser mais
prudente nesta conclusão. Relativamente ao período de aulas suplementares para
o 4º e 6º os dados disponíveis não suportam de forma consistente a afirmação do seu impacto nos
resultados agora divulgados. Quanto aos exames, o próprio Presidente do IAVE afirma queles não estão ter impacto nas aprendizagens e no que respeita aos apoios oportunos e adequados existentes
nas escolas talvez fosse desejável que o MEC fosse um pouco mais preciso pois
as escolas sentem, pelo contrário, enorme dificuldade em estruturar
dispositivos de apoio por falta de recursos docentes.
Julgo que a interpretação do divulgado
abaixamento dos níveis de retenção e abandono terá de considerar alguns
aspectos para além da auto-elogiosa análise do MEC que, como disse, carece de
alguma sustentação embora a proximidade de eleições ajude a entender.
Em primeiro lugar é preciso considerar o impacto das alterações do número de alunos nestes resultados.
Numa outra perspectiva, os estudos comparativos
internacionais têm vindo a registar os progressos dos alunos portugueses. No
entanto de 2009 para 2012 a situação inverteu-se. Esta tendência parece contradizer a subida de resultados agora divulgada pelo que terão de ser analisados de forma mais fina.
Sabe-se também que de 2011 para
cá, depois de um período de melhoria de resultados, os níveis de retenção
voltaram a agravar-se em todos os anos de escolaridade. Em média chumbam por
ano cerca de 150 000 alunos dos ensinos básico e secundário como referiu o CNE
em Relatório deste ano. É evidente também que os alunos com insucesso escolar
são os que correm maior risco de abandono escolar precoce.
Por outro lado, importa analisar
o impacto que nestes resultados tem a forma como é gerida a avaliação interna
nas escolas e a avaliação externa do MEC designadamente com a definição da
dificuldade dos exames. Veja-se a oscilação de médias dos exame nacionais ao longo os anos.
Também me parece necessário
ponderar o impacto que tem o “encaminhamento” de muitos alunos para vias
vocacionais ou profissionais, que minimiza os níveis de abandono, minimiza os
números das retenções mas não é garantido que faça subir os números do
sucesso educativos e escolar.
Neste contexto, julgo que importa
alguma prudência, que falta ao MEC, na análise dos dados agora conhecidos.
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