quarta-feira, 1 de julho de 2015

MENOS RETENÇÃO, MENOS ABANDONO, MAIS SUCESSO. SERÁ?

Segundo os dados agora conhecidos relativos a 2013/2014 a descida é mais significativa no 1º e 2º ciclos e ligeira no 3º ciclo e ensino secundário. Em todo caso as taxas de retenção insucesso e abandono continuam muito elevadas. Portugal apresenta a terceira taxa mais alta da OCDE de estudantes que repetiram pelo menos um ano lectivo ao longo do seu percurso escolar, 34,9%.
Julgo que o MEC deveria ser mais prudente nesta conclusão. Relativamente ao período de aulas suplementares para o 4º e 6º os dados disponíveis não suportam de forma consistente a afirmação do seu impacto nos resultados agora divulgados. Quanto aos exames, o próprio Presidente do IAVE afirma queles não estão ter impacto nas aprendizagens e no que respeita aos apoios oportunos e adequados existentes nas escolas talvez fosse desejável que o MEC fosse um pouco mais preciso pois as escolas sentem, pelo contrário, enorme dificuldade em estruturar dispositivos de apoio por falta de recursos docentes.
Julgo que a interpretação do divulgado abaixamento dos níveis de retenção e abandono terá de considerar alguns aspectos para além da auto-elogiosa análise do MEC que, como disse, carece de alguma sustentação embora a proximidade de eleições ajude a entender. 
Em primeiro lugar é preciso considerar o impacto das alterações do número de alunos nestes resultados.
Numa outra perspectiva, os estudos comparativos internacionais têm vindo a registar os progressos dos alunos portugueses. No entanto de 2009 para 2012 a situação inverteu-se. Esta tendência parece contradizer a subida de resultados agora divulgada pelo que terão de ser analisados de forma mais fina.
Sabe-se também que de 2011 para cá, depois de um período de melhoria de resultados, os níveis de retenção voltaram a agravar-se em todos os anos de escolaridade. Em média chumbam por ano cerca de 150 000 alunos dos ensinos básico e secundário como referiu o CNE em Relatório deste ano. É evidente também que os alunos com insucesso escolar são os que correm maior risco de abandono escolar precoce.
Por outro lado, importa analisar o impacto que nestes resultados tem a forma como é gerida a avaliação interna nas escolas e a avaliação externa do MEC designadamente com a definição da dificuldade dos exames. Veja-se a oscilação de médias dos exame nacionais ao longo os anos.
Também me parece necessário ponderar o impacto que tem o “encaminhamento” de muitos alunos para vias vocacionais ou profissionais, que minimiza os níveis de abandono, minimiza os números das retenções mas não é garantido que faça subir os números do sucesso educativos e escolar.
Neste contexto, julgo que importa alguma prudência, que falta ao MEC, na análise dos dados agora conhecidos.

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