Alemanha já vem buscar médicos à saída das universidades
A notícia é incómoda mas não
surpreende.
De facto, recordando um estudo
divulgado este ano pela Ordem dos Médicos realizado por 31 médicos envolvendo
mais de 800 médicos em formação no internato de especialidade de 45
especialidades diferentes, distribuídos por unidades de todo o país, cerca de
65% admitem emigrar depois da formação.
Também um inquérito recente
encomendado pela Presidência da República e realizado por uma equipa do
Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Emprego, Mobilidade,
Política e Lazer: situações e atitudes dos jovens portugueses numa perspectiva
comparada”, mostra que cerce de 70% dos jovens inquiridos entre os 15 e 24 anos
encara a hipótese de emigrar. Estes jovens colocados perante a afirmação “daqui
a dois anos, a crise terá terminado e a situação do emprego em Portugal será
melhor do que hoje”, 60,8% entre os 15 e os 24 discordou e 66,5% entre os 25 e
os 34 também não concordou.
Talvez se recordem de há poucos
dias o geniozinho Poiares Maduro, Ministro-adjunto, e há algum tempo a Ministra
das Finanças terem irresponsavelmente desvalorizado o fenómeno da emigração
jovem.
A maioria dos jovens que parte,
conforme os estudos apontam, não o faz porque quer “fazer opções lá fora” como
afirmou Maria Luís Albuquerque, partem porque não têm opções cá dentro e este
êxodo não pode ser “relativizado” ou desvalorizado, é um drama para o país e um
drama para muitas famílias.
Na verdade, a emigração parece
estar a constituir-se como via quase exclusiva para aceder a um futuro onde
caiba um projecto de vida positivo e viável, algo que por cá não é fácil de
definir.
Por outro lado e como é
reconhecido, de uma forma geral, o ensino superior e a investigação em Portugal
têm uma qualidade que internamente nem sempre é reconhecida e que se evidencia
na frequência com que em diversas áreas se assiste à contratação de jovens que
estudaram em Portugal para trabalho em empresas ou em investigação em
diferentes países, onde se incluem, por exemplo, a Inglaterra, a Alemanha ou os
Estados Unidos que não são propriamente países com baixo nível de
desenvolvimento científico. Daí perceber-se as intenções dos médicos em
formação e a estratégia alemã.
Neste quadro, torna-se ainda mais
preocupante a partida para o estrangeiro de muitos milhares de jovens, com
formação superior de elevada qualidade, porque em Portugal um projecto de vida
viável e com sucesso é uma miragem. Este êxodo tem, obviamente, com profundas
consequências para um país como Portugal.
Em primeiro lugar, porque sendo um
país com uma fortíssima necessidade de qualificação nas empresas, vê partir os
que mais preparados estariam o que terá, evidentemente, um impacto económico
significativo. Aliás e curiosamente, este entendimento é recorrentemente
afirmado por um Governo com forte responsabilidade pela emigração forçada de
milhares de jovens com formação superior, designadamente trabalhadores na área
científica, que não vislumbram o futuro em Portugal.
Em segundo lugar, porque importa
não esquecer que os custos da formação dos jovens qualificados em Portugal são
suportados por todos os nós no caso do ensino público, e das famílias ou dos
próprios na formação em estabelecimentos privados embora, considerando também o
ensino público, os custos para as famílias na frequência de ensino superior em
Portugal seja dos mais altos na Europa.
Isto significa que Portugal, o
estado e as famílias, suportam os custos da formação, 400 000 euros por
cada médico e os outros países aproveitam essa qualificação uma vez que os
jovens não conseguem desenvolver o seu trabalho em Portugal.
E o futuro? O futuro não mora
aqui.
2 comentários:
ISTO É FRUTO DE UM GOVERNO QUE NÃO PRESTA
"ISTO É FRUTO DE UM GOVERNO QUE NÃO PRESTA"
Agora digo eu: É UM PAÍS POLITICAMENTE EXCOMUNGADO DESDE O CONDADO PORTUCALENSE. Temos que mudar de povo...
VIVA!
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