Os técnicos atribuem boa parte das
causas para a subida dos casos de abandono às dificuldades económicas das famílias que incluem a incapacidade de assegurar a frequência de equipamentos quando estão ausentes ou a emigração de ambos os
progenitores.
É também reconhecido pela
generalidade das pessoas que lidam com estas matérias que os casos conhecidos
são apenas uma amostra da realidade.
Por outro lado e neste contexto,
creio que vale a pena não esquecer a existência de muitas crianças que estando
à vista estarão abandonadas mas que por desatenção e menos carga dramática
passam mais despercebidas.
Na verdade, existem muitíssimas
crianças e jovens que vivem à beira de pais e professores para os quais passam
completamente despercebidas, são as que eu chamo de crianças transparentes,
olhamos para elas, através delas, como se não existissem, estão abandonadas.
Algumas delas não possuem
ferramentas interiores para lidar com tal abandono e desaparecem, mantendo-se à
nossa vista, no primeiro buraco que a vida lhes proporcionar, um ecrã, outros
companheiros tão abandonados quanto eles, o consumo de algo que lhes faça
companhia ou adrenalina de quem nada tem para perder.
Em muitas destas situações, ninguém
dá por falta destas crianças ou adolescentes e também ninguém as procura.
Por vezes, perdem-se de vez.
Importa por isso que a comunidade esteja atenta e possa identificar situações desta natureza.
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