Como seria de esperar, em
particular num período pré-eleitoral, Nuno Crato encenou publicamente a Certidão
de Boas Políticas passada por uma comissão de avaliação da Fundação para a
Ciência e Tecnologia.
Tal avaliação terá resultado da
consulta de documentos da FCT e da entrevista dezenas de pessoas com relevância
no sistema científico português, desde políticos até (imagine-se) cientistas.
Como é sabido, a política de Nuno
Crato em matéria de investigação e ciência caracterizou-se por um claro desinvestimento
nesta área, uma deriva na definição e alteração de regras e sobretudo pela
destruição tentada e conseguida de parte significativa das estruturas que
integram a rede nacional de investigação.
A FCT encomendou um tenebroso
processo de avaliação destas estruturas à European Science Foundation com a
expressa solicitação de eliminar logo na 1ª fase 50% dos centros, laboratórios
e unidades de investigação.
Este processo teve contornos
inenarráveis, mereceu a crítica generalizada, incluindo do Conselho de
Reitores, teve divulgação e solidariedade nos meios científicos nacionais e
internacionais e o resultado ainda não está fechado, existem recursos e
processos na justiça por resolver.
No entanto, boa parte da rede
científica nacional, uma notável herança de Mariano Gago está moribunda, sendo
o universo das Ciências Sociais particularmente afectado e existem muitas unidades
que sempre mereceram excelente avaliação e estão a lutar pela sobrevivência.
É esta a política científica de Nuno
Crato que ele afirma ser validada pela Comissão chefiada por Christoph Kratky.
Acontece, estranhamente e por
mera coincidência, que Christoph Kratky pertencia ao Governing Council da European
Science Foundation na altura em que esta foi encarregue do “dirty work”
encomendado pela FCT.
Tão amigos que nós somos e, como
sabem, os amigos são para as ocasiões. Um MEC à beira da insolvência ética.
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