quinta-feira, 30 de julho de 2015

A EXCELÊNCIA DA POLÍTICA DE CIÊNCIA E INVESTIGAÇÃO DO MEC

Como seria de esperar, em particular num período pré-eleitoral, Nuno Crato encenou publicamente a Certidão de Boas Políticas passada por uma comissão de avaliação da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Tal avaliação terá resultado da consulta de documentos da FCT e da entrevista dezenas de pessoas com relevância no sistema científico português, desde políticos até (imagine-se) cientistas.
Como é sabido, a política de Nuno Crato em matéria de investigação e ciência caracterizou-se por um claro desinvestimento nesta área, uma deriva na definição e alteração de regras e sobretudo pela destruição tentada e conseguida de parte significativa das estruturas que integram a rede nacional de investigação.
A FCT encomendou um tenebroso processo de avaliação destas estruturas à European Science Foundation com a expressa solicitação de eliminar logo na 1ª fase 50% dos centros, laboratórios e unidades de investigação.
Este processo teve contornos inenarráveis, mereceu a crítica generalizada, incluindo do Conselho de Reitores, teve divulgação e solidariedade nos meios científicos nacionais e internacionais e o resultado ainda não está fechado, existem recursos e processos na justiça por resolver.
No entanto, boa parte da rede científica nacional, uma notável herança de Mariano Gago está moribunda, sendo o universo das Ciências Sociais particularmente afectado e existem muitas unidades que sempre mereceram excelente avaliação e estão a lutar pela sobrevivência.
É esta a política científica de Nuno Crato que ele afirma ser validada pela Comissão chefiada por Christoph Kratky.
Acontece, estranhamente e por mera coincidência, que Christoph Kratky pertencia ao Governing Council da European Science Foundation na altura em que esta foi encarregue do “dirty work” encomendado pela FCT.
Tão amigos que nós somos e, como sabem, os amigos são para as ocasiões. Um MEC à beira da insolvência ética.

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