"120 mil crianças sofrem com falta de comida
Sabe-se que entre 2009 e 2012 cerca de 500 000 crianças e
jovens perderam o abono de família. Em Portugal, 28,6% das crianças estavam em
situação de risco de pobreza ou de exclusão em 2011. Dados disponíveis sugerem um aumento.
Neste contexto e considerando as dificuldades genéricas das
famílias massacradas por situações de desemprego e abaixamento dos rendimentos,
via cortes ou ausência de apoios sociais não é difícil imaginar o enorme risco
de recurso às crianças e adolescentes, mas também dos adultos, para situações
de mendicidade e prostituição.
Apesar deste cenário, temos pela frente a insistência
insensível e insensata num caminho de cortes nas áreas sociais e da educação,
no corte insustentável no rendimento das famílias produzindo diariamente novos
pobres que já nem envergonhados se conseguem sentir, tamanha é a desesperança
que faz aparecer de mão estendida na escola, nas instituições ou nas ruas.
Aqui, por vezes, com o corpo à venda como Instituto de Apoio à Criança tem
chamado a atenção.
Face a este drama dizem-nos não haver alternativa. É mentira
porque existem alternativas e é crime porque se condena miúdos a passar a
carências graves.
As dificuldades das famílias e o que dessas dificuldades
penaliza e ameaça os mais pequenos, é demasiado importante para que não
insistamos nestas questões. Todos os estudos e indicadores identificam os mais
novos como o grupo mais vulnerável ao risco de pobreza que, aliás, tem vindo a
aumentar.
As dificuldades que afectam directamente a população mais
nova são algo de assustador. Esta realidade não pode deixar de colocar um
fortíssimo risco no que respeita ao desenvolvimento e ao sucesso educativo destes
miúdos e adolescentes e portanto, à construção de projectos de vida bem
sucedidos. Como é óbvio, em situações limite como a carência alimentar,
exploração sexual, mendicidade, insucesso educativo, estaremos certamente em
presença de outras dimensões de vulnerabilidade que concorrerão para
futuros preocupantes
É por questões desta natureza que a contenção das despesas do estado, imprescindível, como sabemos, deveria ser feita com critérios de natureza sectorial e não de uma forma cega e apressada, custe o que custar, naturalmente mais fácil mas que, entre outras consequências, poderá empurrar milhares de crianças para situações de fragilidade e risco com implicações muito sérias.
É por questões desta natureza que a contenção das despesas do estado, imprescindível, como sabemos, deveria ser feita com critérios de natureza sectorial e não de uma forma cega e apressada, custe o que custar, naturalmente mais fácil mas que, entre outras consequências, poderá empurrar milhares de crianças para situações de fragilidade e risco com implicações muito sérias.
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