"A desigualdade de oportunidades na Educação"
Na continuidade do que tem vindo
a acontecer o Júri Nacional de Exames cria enormes dificuldades ou
impossibilidade à adequação das condições de avaliação de alunos que apresentam
quadros de dislexia.
A justificação para este
entendimento tem assentado no entendimento de que existem abusos nos
"diagnósticos" e que algumas escolas "facilitam" na leitura
dos enunciados. Nesta conformidade estabelece que os miúdos com dislexia devem
caber todos numa norma e decide-se num serviço central o que se deve fazer com uma criança com um
problema particular que a escola conhece e que os técnicos que a
acompanham fundamentam mas de quem o MEC desconfia.
Sinto, confesso, uma enorme
dificuldade em entender, até do ponto de vista deontológico, esta decisão.
Se o MEC tem dúvidas sobre a
qualidade das avaliações e das práticas das escolas, pode recorrer aos serviços
de inspecção, mas não pode, não deve, tomar decisões de natureza administrativa
que terão efeitos devastadores na vida dos miúdos. Aliás, vários dos
especialistas ouvidos a propósito destas situações, sublinham que o sucesso
académico de muitos destes alunos depende de medidas desta natureza.
Para além do atropelo óbvio à
autonomia da escola, não é aceitável que, em casos absolutamente
individualizados, como os especialistas reconhecem, o MEC, através do Júri
Nacional de Exames decida a aplicação administrativa de regras que contrariem a necessidade e grau de adequação das
adaptações ou outras especificidades propostas pelas escolas e pelos técnicos,
quem na verdade conhece os alunos.
Lamentavelmente, este
entendimento também não me surpreende. Como diz o fado "sopram ventos
adversos" e o fado dos miúdos com problemas está a ficar mais triste e
mais pesado. Os tempos são de normalização, todos iguais, todos produtivos,
todos excelentes.
É um distempo, um tempo também
ele não funcional.
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