"Pais de alunos do ensino artístico especializado acusam MEC de discriminação"
Continua em aberto em situação
criada pela pelas alterações nas condições de acesso ao ensino superior dos
alunos do ensino artístico especializado
que têm sido alvo de ajustamentos e
recuos na linha do que o MEC chama de "normalidade". Os pais entendem
que estes alunos que usufruíam de condições diferentes dos restantes,
entretanto alteradas, mantidas e alteradas estão a ser discriminados.
Como já tenho afirmado, este tipo
de situações radica numa questão central, a conclusão e certificação de
conclusão do ensino secundário e a candidatura ao ensino superior deveriam ser
processos separados.
Os exames nacionais destinam-se,
conjugados com a avaliação realizada nas escolas, a avaliar e certificar o
trabalho escolar produzido pelos alunos do ensino secundário e que, obviamente,
está sediado no ensino secundário. Neste cenário caberiam as outras modalidades
que permitem a equivalência ao ensino secundário, como é o caso do ensino artístico
especializado ou recorrente.
O acesso ao ensino superior é um
outro processo que deveria ser da responsabilidade do ensino superior e estar
sob a sua tutela.
A situação existente, não permite
qualquer intervenção consistente do ensino superior na admissão dos seus
alunos, a não ser a pouco frequente definição de requisitos em alguns cursos, o
que até torna estranha a passividade aparente por parte das universidades e
politécnicos, instituições sempre tão ciosas da sua autonomia. Parece-me claro que o ensino
superior fazendo o discurso da necessidade de intervir na selecção de quem o
frequenta não está interessado na dimensão logística e processual envolvida.
Os resultados escolares do ensino
secundário deveriam constituir apenas um factor de ponderação a contemplar nos
processos de admissão organizados pelas universidades como, aliás, acontece em
muitos países.
Sediar no ensino superior o
processo de admissão minimizaria muitos dos problemas conhecidos decorrentes do
facto da média do ensino secundário ser o único critério utilizado para ordenar
os alunos no acesso e eliminaria o “peso” das notas altíssimas concedidas, com
frequência, no ensino recorrente. Todos nós conhecemos os clássicos
exemplos de alunos que se dirigem a medicina porque as suas altíssimas notas
assim o sugerem, acabando por reconhecer não ser esse o seu caminho e, por
outro, um potencial excelente médico que deixará de o ser porque por três vezes
ficou a décimas da média de entrada.
Enquanto não se verificar a
separação da conclusão do secundário da entrada no superior corremos o risco de
lidar com situações desta natureza.
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