"Fuga de cérebros pode causar “sérios danos à economia nacional”, admite relatório do Governo"
Na verdade, de uma forma geral, o
ensino superior e a investigação em Portugal têm uma qualidade que internamente
nem sempre é reconhecida e que se evidencia na frequência com que em diversas
áreas se assiste à contratação de jovens que estudaram em Portugal para
trabalho em empresas ou em investigação em diferentes países, onde se incluem, por exemplo, a Inglaterra, a
Alemanha ou os Estados Unidos que não são propriamente países com baixo nível
de desenvolvimento científico.
Neste quadro, torna-se ainda mais
preocupante a partida para o estrangeiro de muitos milhares de jovens, com
formação superior de elevada qualidade, porque em Portugal um projecto de vida
viável e bem sucedido é uma miragem. Este êxodo tem, obviamente, com profundas
consequências para um país como Portugal.
Em primeiro lugar, porque sendo
um país com uma fortíssima necessidade de qualificação nas empresas, vê partir
os que mais preparados estariam o que terá, evidentemente, um impacto económico
significativo. Aliás, é curioso que membros do Governo como Pires de Lima, Nuno
Crato ou o Primeiro-ministro sublinham recorrentemente a imperiosa necessidade
de promover emprego qualificado para o desenvolvimento de um país como o nosso.
Curiosamente, este entendimento é subscrito por um Governo com forte
responsabilidade pela emigração forçada de milhares de jovens com formação
superior que não vislumbram o futuro em Portugal.
Em segundo lugar, porque importa
não esquecer que os custos da formação dos jovens qualificados em Portugal são
suportados por todos os nós no caso do ensino público e das famílias ou dos
próprios na formação em estabelecimentos privados embora, considerando também o
ensino público, os custos para as famílias na frequência de ensino superior em
Portugal seja dos mais altos na Europa. Isto significa que Portugal, o estado e
as famílias, suporta os custos da formação e os outros países aproveitam essa
qualificação uma vez que os jovens não conseguem trabalhar em Portugal.
Estamos a cuidar mal do nosso
futuro.
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