quarta-feira, 23 de abril de 2014

EXAMES, EXAMES, MAIS EXAMES. A poção mágica

"Matemática e Português vão ser provas de ingresso no superior para futuros professores"

Como tinha sido anunciado e na senda da profissão de fé do Ministro Nuno Crato nos exames como a poção mágica que promove qualidade, os candidatos a professores do ensino básico terão de realizar exames em Português e Matemática para ingressar no ensino superior. O MEC afirma que estes exames visam garantir a "a sólida formação" dos futuros professores. A sério?! Será que alguém acredita mesmo neste efeito?
Como salienta o Presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, nenhum estudo sustenta que esta prova à entrada seja o garante da qualidade da formação à saída.
Sendo certo que importa promover a qualidade da formação de professores, a regulação dessa qualidade deve assentar no período da formação e não no seu acesso com um exame a Português e Matemática. A qualidade da formação dos docentes regula-se através dos planos e conteúdos curriculares, da qualificação dos corpos docentes das instituições de formação, das metodologias de formação utilizadas, entre outras dimensões.
À semelhança do que existe noutros países e em Portugal já tivemos, poderá instituir-se como forma de acesso à profissão, à carreira, não no acesso à formação, um dispositivo como um ano probatório, experimental, etc., durante o qual se possam avaliar as competências e capacidades para o exercício da docência.
Um dispositivo desta natureza pode, de facto, ser um contributo para promover a qualidade e preparação de quem se propõe iniciar a sua carreira de professor.
A realização de um exame de Português e Matemática para definir a entrada na formação  de professores do Ensino Básico é uma peça avulsa, sem sustentação que não seja a convicção misteriosa que o Professor Nuno Crato expressa recorrentemente de que se medir muitas vezes a febre, a febre acabará por baixar.
Não é verdade.

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