A leitura tardia do Expresso de
ontem motiva estas notas hoje. É apresentada uma peça sobre as escolas
asiáticas de diferentes países, cujo alunos ocupam sete dos 10 lugares cimeiros
do estudo PISA o que titula o Expresso "impressiona os europeus".
Parece-me claro que nos sistemas
educativos e escolas destes países existirão dimensões de natureza curricular
ou didáctico-pedagógica que deverão merecer reflexão que não cabe nestes espaço
e que alguns países, incluindo Portugal, ensaiam.
O que me parece verdadeiramente
interessante é o modelo de escola, de sociedade, de concepção sobre que o que
são pessoas e a sua formação e desenvolvimento que devem ser reflectidas.
Algumas notas com base em excertos do trabalho do Expresso que também se socorre
do testemunho de portugueses que tiveram experiências em escolas de alguns
daqueles países.
Mãe portuguesa em Xangai, "Quando o Sebastião tinha 4 anos, os
professores perguntaram-me que profissão eu queria que ele seguisse no
futuro". Respondi "qualquer uma que o fizesse feliz". Não
perceberam. "Lá, as famílias decidem muito cedo o que querem que os filhos
sejam, para que a escola os ponha em actividades direccionadas para essa
área".
Mãe portuguesa em Singapura "Uma das primeiras coisas que mais a
impressionou foi a dimensão das filas de crianças à porta dos centros de
explicações ao fim de semana, "parecem formigas", "No 6º ano os
alunos são submetidos a um exame nacional, Só os mais bem classificados acedem
às escolas secundárias de elite, a que todos aspiram".
Mãe portuguesa na Coreia "Falhar na educação é falhar na vida.
"acho que também por isso as taxas de suicídios são tão elevadas",
(Nota minha - os estudos confirmam as altas taxas de suicídio infanto-juvenil
nestas comunidades hiper-competivas), "Se
a escola não for suficiente, recorre-se a centros de estudo privados (hagwon)
que acolhem os jovens noite detro. O problema tornou-se tão sério que o Governo
chegou a ponderar uma espécie de recolher obrigatório para ques alunos não
passassem noites em branco a estudar. Cerca de 80% das crianças coreanas têm
explicações".
Mãe portuguesa em Singapura,
"Há a assumpção de que todos têm de
ser bem sucedidos. Quem tem mais dificuldade é posto de parte. Estão a surgir
cada vez mais casos de depressão entre as crianças".
Estes exemplos parecem-me suficientes para
ilustrar tudo o que, do meu ponto de vista, não deve ser a educação, não deve
ser a escola, não deve ser o desenvolvimento e formação de pessoas mesmo que os resultados escolares globais sejam muito bons. Nem todos os fins justificam todos os meios.
Pode parece
estranho ou fora de uso a alguns, incluindo Nuno Crato e alguns pais seduzidos
pela retórica da excelência, da competição, da selecção, mas a formação e a
educação de pessoas é mais do que competências instrumentais aprendidas a
qualquer preço, é mais do que seleccionar os melhores e abandonar os que não
atingem a excelência, é mais do que robótica, é mesmo de pessoas que se trata
em educação.
Eu não quero esta escola e esta educação para o meu neto e para todos os outros miúdos. Gosto de gente que sinta tão bem quanto possível naquilo que vai fazendo, coisa de que quando falamos alguns já se riem.
Eu não me importo.
Eu não quero esta escola e esta educação para o meu neto e para todos os outros miúdos. Gosto de gente que sinta tão bem quanto possível naquilo que vai fazendo, coisa de que quando falamos alguns já se riem.
Eu não me importo.
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