Era uma vez um Rapaz. Tinha oito
anos e andava numa escola, no segundo ano.
Quase não se dava por ele. “Nem
pareces deste tempo Rapaz!”, diziam as professoras. Sempre quieto,
ninguém o ouvia gritar ou falar alto.
Na verdade o Rapaz pouco falava.
Se lhe perguntavam alguma coisa, de olhos no chão falava umas palavras pequenas
e baixas que, às vezes, mal se percebiam. Andava devagar e quase sempre era o
último a acabar as tarefas. De tal maneira que às vezes até se esqueciam que
ele estava na sala.
No recreio da escola ele era
gente da mesma maneira, mais a um canto ou ao pé do tronco da árvore grande
brincava só ou com uma Rapariga do segundo ano que também não falava muito, mas
lá se entendiam, com os olhos.
Na escola havia uma empregada com
cara de avó, daquelas avós boas que gostam da gente e nos deixam fazer
disparates, que todos os dias se metia com o Rapaz e também com a
rapariga. “Não estejam sempre calados. Falem com os outros, mexam-se.
Façam umas asneiras, mas não das grandes. Qualquer dia ficam transparentes, já
nem vos vêem”.
A Empregada com cara de avó sabia da sua vida no meio dos putos que alguns, com o tempo, ficam transparentes. Pouca gente já consegue reparar neles. Só empregadas com cara de avó.
A Empregada com cara de avó sabia da sua vida no meio dos putos que alguns, com o tempo, ficam transparentes. Pouca gente já consegue reparar neles. Só empregadas com cara de avó.
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