Como é sabido e de acordo com o
entendimento mágico de Nuno Crato sobre os exames, os alunos do 9º ano vão
realizar este ano, a 30 de Abril, um exame nacional de inglês com a particularidade de
se realizarem em regime de "outsourcing" sob supervisão da
Universidade de Cambridge através do Cambridge English Language Assessment e
com o apoio desinteressado de algumas empresas, numa visionária abertura aos
mercados, sinais dos tempos.
Já foi anunciado que as
avaliações anteriores a realizar vão determinar que o exame não tenha o nível
esperado, B1, correspondente ao 9º ano, mas o nível A2, que corresponde ao 7º
ano. O Instituto de Avaliação Educativa afirmou que será assim por uma questão
de prudência, justificação que me fez recordar as recorrentes afirmações de
Nuno Crato quando era opinador e se insurgia contra "o facilitismo"
dos exames para promover estatísticas com melhor aspecto, por assim dizer.
Agora, o MEC reconhece que não pode esperar que os alunos tenham as
competências que deviam e ... baixa a exigência do exame em vez de tentar,
tentarmos, criar as condições para que as aprendizagens esperadas aconteçam.
Por outro lado, a Associação dos
Professores de Inglês também entende o nível mais baixo do exame pois com as
condições de ensino actual, carga horária da disciplina de inglês e
número de alunos por sala, as aprendizagens esperadas não têm condições de se
realizar.
Tudo isto me parece claro. Tenho
apenas uma dúvida, este exame, assim, serve para quê? Para aferir se os
resultados dos alunos do 9º ano em inglês atingiram as competências do 7º ano?
Não é que me surpreenda mas,
ainda assim.
Hoje surgiram mais alguns
esclarecimentos face a dúvidas levantadas pela Fenprof. As empresas que desinteressadamente
apoiam a realização do exame não terão acesso aos dados dos miúdos e Cambridge
apenas terá acesso aos dados necessários à emissão do certificado.
O IAVE sublinhou ainda que a inscrição
para obtenção de certificado é facultativa (?) e que os 25 euros que custará(?)
às famílias são “uma oportunidade única para obter um certificado reconhecido
internacionalmente a um preço simbólico”, pois no mercado “o preço normal deste
certificado é de cerca de 75/80 euros”, embora ainda mais caro que a sinistra
Prova dos professores que se ficava pelos 20 euros.
Como é habitual entre nós, faz-se
uma atençãozinha, os beneficiários do escalão de acção social mais elevado
ficam isentos de qualquer pagamento, os do segundo escalão pagam apenas metade
do valor.
Porque é será que tudo isto deixa
uma enorme sensação de desconforto e estranheza?
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