No últimos anos é notória uma apetência
significativa pelo consumo dos diferentes produtos do famoso porco preto
alentejano, instalando-se, uma verdadeira moda gastronómica com uma oferta
presente em tudo quanto é restauração e supermercado.
Como não podia deixar de ser esta
subida exponencial do consumo levanta questões relativas à capacidade de
produção. De acordo com a Associação Nacional do Porco Alentejano, existem
fortes suspeitas de "contrafacção" e de venda de porco preto
alentejano que terá alguma coisa de preto e de alentejano mas também de outras
raças, ou seja, é um produto "martelado", por assim dizer.
Ao ler esta notícia sobre a preocupação
da Associação de criadores recordei um texto de 2007, época de plena expansão do
consumo da carne, enchidos e presunto do porco preto.
Na verdade e na altura, o Velho
Marrafa esclareceu-me sobre um mistério que não percebia. Estando na moda a
criação de porco preto em herdades alentejanas em parceria com os espanhóis,
mas não só, fazia-me um bocado de confusão ver os porcos em engorda intensiva
com rações e farinhas e depois de algum tempo de engorda serem consumidos ou transformados, criando,
entre outros produtos, o famoso presunto de porco ibérico. O consumidor compra,
assim, porco que acredita ser de montado mas, de facto, é criado em “porcário”
não desconfiando que as azinheiras não dão bolota todo o ano, mas que as
fábricas fornecem farinhas todos os dias.
A questão é que o licenciamento
para a criação de porcos, pressupõe a existência de uma área compatível com o
número e necessidades de mobilidade dos animais, área de montado, e ninguém
controla se eles estão fechados às centenas em espaços mínimos e em engorda
intensiva.
Como alerta a Associação de
criadores, estarão a ser comercializados carne e outros produtos que, apesar de
serem vendidos como sendo de porco preto alentejano e criado em montado, é
material contrafeito, são misturas de diferentes raças e criados em
"porcário".
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