No Público de hoje apresenta-se uma extensa entrevista ao Professor Marçal Grilo que merece uma leitura cuidada.
Sendo relativamente conhecido o trajecto do Professor Marçal Grilo, é sempre estimulante conhecer o seu pensamento, designadamente sobre política educativa, ainda que possa ser, naturalmente, objecto de discussão e discordância.
Naquilo que foi abordado e considerando também o que foi a sua passagem pelo Ministério da Educação, fica-nos uma sensação de profunda amargura e preocupação pelos tempos que actualmente se vivem na educação.
Entre outros aspectos, parece-me de sublinhar a definição de um modelo de educação e e de escola estão bem longe da visão de Nuno Crato.
Afirma Marçal Grilo, "Mas lembro que na escola
há três áreas fundamentais: os conhecimentos de base, os comportamentos e
atitudes e a área dos valores. Nos valores, há imenso a fazer, se há algo que o
país e o mundo perderam, foi a ética, parece varrida do comportamento das pessoas.
Em Portugal, há hoje uma ideia de que o que é legal é ético, quando há coisas
que sendo legais não são éticas! Não são legítimas, ponto! Não se devem fazer,
mesmo sendo legais. Longe de mim desprezar os conhecimentos de base, já falei
do grande orgulho na minha formação de engenheiro, com Matemática, Física,
Química, estruturas, resistência dos materiais, etc. Sucede porém que a escola
não é só isto. E é aqui que eu penso que o ministro não tem sabido
mobilizar os professores, os alunos e os pais para a ideia de que há mais vida
para além do que se estuda nos livros para responder nos exames e satisfazer os
testes internacionais."
Trata-se, na verdade, de uma outra visão da educação e da escola que Nuno Crato e seguidores não irão compreender, nunca.
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