quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

DESEMPREGADOS, EMIGRADOS E MAL EMPREGADOS

Num país que tem como maior problema o desemprego e todo o conjunto de consequências graves que implica, qualquer indicador sólido sobre melhorias é de registar.
Nos últimos meses tem-se verificado uma descida no nível de desemprego que, evidentemente, o Governo tem publicitado insistentemente.
Acontece que esta descida está longe de ter o valor e o realismo que todos desejaríamos.
Na verdade, a descida da taxa de desemprego apenas numa pequena dimensão é explicada pela criação de emprego. É sobretudo explicada pelo fortíssimo movimento de emigração que envolvendo milhares de jovens, ajuda a perceber o abaixamento da taxa de desemprego jovem, ainda assim nuns devastadores 35.7%. É ainda de considerar o aumento das pessoas que deixam de procurar emprego e, um dado preocupante, cerca de 63% dos desempregados estão desempregados há mais de um ano e são naturalmente o grupo com mais dificuldade de retornar ao marcado de trabalho.
Acontece que os apoios sociais são menores e disponibilizados durante menos tempo pelo que o cenário é fortemente preocupante. Segundo os dados recentemente divulgados, cerca de 442 000 desempregados não têm subsídio de desemprego, um valor impressionante e inquietante sobre a sobrevivência e a dignidade desta gente.
Também é de realçar que na criação de emprego se observam níveis altíssimos de precariedade e de desvalorização salarial, entre o  nada e a migalha, as pessoas aceitam a migalha. O emprego criado, em boa parte, não é emprego qualificado e fonte de crescimento e desenvolvimento, é mau emprego.
Tudo o que de positivo se possa verificar é de saudar e registar, mas importa que não se vendam ilusões e números habilidosos que mais não fazem do que alimentar a desesperança.

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