Era uma vez dois amigos, o Rapaz
e a Rapariga, que se tinham conhecido no jardim-de-infância. Tendo seguido
caminhos diferentes, passou tempo sem se reencontrarem o que aconteceu naquele
dia numa paragem de autocarros.
- Desculpa lá, tu és o Rapaz, não
és?
- Sou e tu és a Rapariga, de
certeza, estou a lembrar-me de ti
- É verdade. Há quanto tempo! Que
andas a fazer?
- Estou a trabalhar.
Deram-me um contrato por doze anos, quero ver se me aguento e depois
continuo por mais alguns anos, quando lá chegar logo se vê. Há malta que não
aguenta e sai, andam por aí aos biscates.
- Como é que é?
- Tem dias. Há muita gente e por
isso é animado. Não se trabalha sempre na mesma secção, mas faz-se quase sempre
a mesma coisa em cada uma. O pessoal que está a orientar é como em tudo, uns
sabem e são porreiros, outros nem por isso. Com estes o pessoal às vezes
desatina um bocado. O pior é que é muito tempo. Raramente fazemos menos de 40
horas, há quem faça mais e ouvi dizer que vai aumentar e, quase todos os dias,
ainda há trabalho para fazer em casa. O trabalho umas vezes é mais difícil,
outras vezes mais fácil. Tenho que andar sempre com um saco de material às
costas, o comer é manhoso, às vezes faltam condições e o pessoal que organiza o
trabalho anda para lá todo agitado com uns problemas deles, parece que as
coisas também não lhes correm bem. Ainda não nos começaram a pagar. Dizem que
só lá mais para a frente é que a gente vai ver que ganha bem. Estou para ver.
Bom, e tu?
- É mais ou menos a mesma cena.
Onde é que trabalhas?
- Ando na Escola de Vale do
Norte, e tu?
- Ando na Escola de Vale do Sul.
Sem comentários:
Enviar um comentário