Segundo estudo hoje
conhecido, realizado Pela Universidade de Coimbra, o apoio proporcionado às pessoas
com doença mental é “insuficiente”, sendo que as respostas institucionais são
“obsoletas”.
Recordo que de
acordo com o relatório "Portugal Saúde Mental em Números 2013",
só 16,2% das pessoas com perturbações mentais ligeiras e 33,8% das que sofrem
de perturbações moderadas recebem tratamento em Portugal. O Relatório sublinha
a situação particularmente grave da falta de estruturas vocacionadas para
adolescentes e jovens que são frequentemente acolhidos em estruturas
vocacionadas para adultos.
Por outro lado, Portugal apresenta
a prevalência mais elevada de perturbações mentais (22,9%) dos oito países da
Europa que integraram o estudo integrado no World Mental Health Survey
Initiative, da OMS, realizado em 2010.
Acresce que, consta do mesmo relatório, existe suporte na
investigação para se poder correlacionar a taxa de prevalência de doenças
mentais com os níveis de desigualdades sociais e de saúde, aliás, regista-se um
aumento da procura de consultas por pessoas em situações fragilizadas no quadro
de desemprego e dificuldades económicas.
Sendo certo que não poderemos estabelecer de forma ligeira
uma relação causal entre a saúde mental e as condições de vida, é também claro
que não podem dissociar-se, numa linguagem simples, alguém que passa mal,
dificilmente se sentirá bem.
Em muitas famílias, as dificuldades podem ser tão
significativas, o desemprego do casal, por exemplo, que a desesperança
instalada se constitua como gatilho para situações de mal-estar e o recurso a
consultas, fármacos, consumo de álcool ou droga, ou ainda em caso limite à
tentação do suicídio, uma preocupação que originou um Plano de Prevenção a
operacionalizar, podem aparecer como uma via que se não deseja mas a que não se
resiste. Acresce a este cenário o envelhecimento acentuado da população e a
degradação das condições de vida dos idosos que potenciam os efeitos dos seus
quadros clínicos e a incapacidade das famílias os acolherem.
Na verdade, a resiliência das pessoas tem limites.
Por outro lado, apesar de querer ser optimista a experiência
tem mostrado que a doença mental é, nas mais das vezes, um parente pobre no
universo das políticas de saúde. Quando a pobreza das pessoas aumenta e a
pobreza dos meios e recursos também aumenta, o quadro é ainda mais grave.
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