quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O RAPAZ EMBIRRANTE

Era uma vez um Rapaz. Lá na escola onde andava não se dava bem com os colegas. Até se dava mesmo mal. Passava o tempo a meter-se com eles, a atrapalhar o que estavam a fazer ou as brincadeiras do recreio. Entrava pelas conversas adentro. 
Era, como se costuma dizer, um rapaz embirrante, daqueles que aborrecem. Como era de esperar o Rapaz quase sempre acabava por ficar na outra margem dos grupos. 
Os professores iam tentando que as relações entre o Rapaz e os colegas fossem melhores mas não conseguiam grandes resultados e, invariavelmente, chegavam à conclusão que, sendo o Rapaz tão embirrante, ninguém poderia gostar dele e, com aquele feitio, também não poderiam obrigar os colegas a tal. 
Uma vez, na sala de professores, a Setôra Sílvia comentou os modos do Rapaz embirrante com o Professor Velho, aquele que já não dá aulas, está na biblioteca e fala com os livros.
O Professor Velho ouviu as histórias do Rapaz embirrante, ouviu- um tempinho e depois pensou alto.
Talvez os outros miúdos não gostem do Rapaz porque perceberam, sentiram, que o Rapaz não gosta dele. Se espreitássemos com cuidado para dentro do Rapaz poderíamos tentar perceber porque é que ele não gosta de si. As pessoas só gostam dos outros quando gostam de si.

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