Lá para trás no tempo havia uma escola. Não era grande, nem pequena, era triste. A maioria das pessoas que por lá andavam era, naturalmente, triste. Mal se podia sair da escola para conhecer outras pessoas ou outras escolas, só mesmo quando se fugia daquela.
As pessoas que mandavam na escola estabeleciam o que toda a gente tinha de aprender, fazer, dizer e pensar. Quem pensasse, dissesse ou fizesse diferente podia até apanhar castigos, mesmo os professores, não eram só os alunos. Não se podia inventar histórias, as pessoas contavam só histórias já inventadas. Às vezes, os miúdos e os professores, às escondidas, inventavam histórias novas.
A música que se podia ouvir naquela escola era uma música triste e sem graça, mas algumas das pessoas da escola conseguiam fazer umas músicas bonitas que se cantavam baixinho para as pessoas que mandavam na escola não ouvirem. Essas pessoas também queriam que não se soubesse o que se fazia e acontecia noutras escolas, por isso, os jornais que se faziam nas turmas da escola só podiam dar as notícias que eram autorizadas por quem mandava. E só se podiam ler os livros que existiam lá na escola.
De vez em quando havia alguns alunos, professores ou outras pessoas que protestavam contra alguma coisa e lá iam para o castigo.
Eu andei naquela escola lá para trás no tempo.
Por isso, quando falam da escola hoje, penso, nunca mais voltarei a andar naquela escola. E não quero que o meu neto e os outros miúdos andem numa escola como aquela, lá para trás no tempo.
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