O Público permanece atento ao campeonato das nomeações governamentais e até esta jornada o actual Governo nomeou menos que o primeiro Governo de Sócrates. A contabilidade fala de 1110 nomeações nos primeiros sete meses de mandato, menos 33% que a equipa adversária. Os dados assim expressos são, do meu ponto de vista, pouco relevantes.
A questão central é a coerência e solidez ética de discursos e comportamentos, de todos os que ocupam ou ocuparam cargos elevados na administração pública.
As lideranças políticas, salvo honrosas excepções, são de uma mediocridade notável. De há muito tempo instalou-se uma partidocracia que determina um jogo de influências e uma gestão cuidada dos aparelhos partidários donde são, quase que exclusivamente, recrutados os dirigentes da enorme máquina da administração pública, central e local, e da enormidade de instituições e empresas sob tutela do estado.
Também este Governo ou a liderança do PSD antes das eleições, afirmava que não se admitirão "jobs for the boys" e que a actuação do estado seria transparente.
No entanto, a título de exemplo, podemos recordar episódios como a Administração da CGD, o negócio com o BIC sobre o BPN, as condições e falta de transparência em vencimentos para nomeações em gabinetes ministeriais, as nomeações para a Administração da Águas de Portugal, a situação quase anedótica da nomeação pela mulher e desnomeação por pressão do Ministro da Saúde do marido da Directora da Unidade Saúde Local da Guarda para auditor interno desse serviço. Também neste universo registou-se a substituição dos administradores hospitalares conotados com o PS por outros ligados, claro, ao PSD.
Pode ainda recordar-se as nomeações de "especialistas", um processo que mais não passa de uma habilidade para fugir à impossibilidade de contratação por parte dos gabinetes e que tem sido condenado pelo Tribunal de Contas.
Como dizia de início, a minha questão não é saber que este governo nomeia menos boys que outros governos. A questão central é que, também nesta matéria, a tradição anda é o que era, lamentavelmente.
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