Hoje, no contexto da lida profissional, uma jovem descrevia-me entusiasmada o que se propunha realizar na intervenção com uma criança.
Afirmava convictamente que o mais importante era que a criança fosse capaz de ser autónoma, não dependente da ajuda de adultos para actividades básicas como alimentação, vestuário ou higiene.
A jovem quase profissional tinha enunciado exaustivamente todas as competências pequeninas que nos tornam independentes no funcionamento como despir, vestir diferentes peças de roupa, utilização adequada das várias peças do talher, usar a casa de banho de forma completamente autónoma, etc.
As duas folhas que me mostrava continham uma lista completa das suas intenções com todas as actividades que a criança deveria realizar.
A experiência, que nos torna mais cautelosos e prudentes, levou-me a questionar a jovem quase profissional sobre as dificuldades que a esperariam face a tantas tarefas e objectivos para aquela criança. Estamos a falar de uma menina com doze anos e um diagnóstico de atraso severo do seu desenvolvimento.
A jovem ouviu as minhas cautelas, olhou-me com um ar que de perplexo passou a confiante e assertivo e afirmou, “a Mariana precisa de ser capaz de fazer isto tudo sozinha e eu vou ser capaz de a ajudar. Tenho a certeza”.
Eu, confesso, não tenho a certeza de que a jovem quase profissional consiga que a Mariana fique independente em tudo o que ela se propõe.
No entanto, fiquei com certeza que com gente como a jovem quase profissional, há futuro para além da crise, apesar da crise.
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