sexta-feira, 16 de março de 2012

A RESISTÊNCIA DOS PORTUGUESES

No âmbito da reacção à hiper-mediatizada pandemia da Gripe A, o Governo da altura encomendou 6 milhões de vacinas que se juntariam aos comportamentos preventivos da quase histérica campanha dos cuidados comportamentais que proporcionaram, aliás, algumas histórias curiosas.
A campanha entretanto desenvolvida assumiu proporções nunca antes atingidas o que contribuía para nos convencermos que a ameaça era séria. Devo também dizer que não me sentia muito convencido de tudo o que era dito, face ao que ia acontecendo noutras paragens. Os números entretanto conhecidos e a evolução verificada vieram, felizmente, a demonstrar a benignidade do vírus e os seus efeitos ficaram muito aquém das previsões catastróficas que a pandemia “deveria” provocar.
Neste cenário, o Governo conseguiu reduzir a encomenda para dois milhões de vacinas, cerca de 15 milhões de contos.
Entretanto o pó assentou e o prazo de validade acabou. Resultado, mais de metade das vacinas destruídas e mais uns milhões de euros de desperdício despejados no nosso orçamento deficitário. Claro que a ninguém se imputará qualquer responsabilidade pois são insondáveis os desígnios dos vírus e temos que estar preparados para o que der e vier e, evidentemente, a indústria farmacêutica agradece.
Por outro lado, a actual Subdirectora Geral afirma que uma das razões que levou à não utilização das vacinas se deveu a uma “moderada actividade gripal”, num exemplo de que a questão da produtividade é complexa, e à fraca adesão dos portugueses à vacinação.
A questão é que, do meu ponto de vista, não é um problema de fraca adesão, trata-se de um problema de reforço do sistema imunitário. Na verdade, os últimos anos têm contribuído de maneira substantiva para o fortalecimento do sistema imunitário dos portugueses. Estamos mais do que habituados a lidar com variadíssimas estirpes de vírus e de diferentes naturezas.
Este permanente convívio com ameaças virais produz sistemas de defesa mais eficazes e resistentes. Estamos, por assim dizer, vacinados contra tudo e mais alguma coisa.
Só assim se pode explicar a resistência que temos demonstrado.
É certo que às vezes não nos sentimos lá muito bem, mas aguentamos.

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