domingo, 18 de março de 2012

O REMADOR E OS TIMONEIROS

Uma vez, as diferentes terras decidiram realizar provas de canoagem. Cada canoa tinha onze tripulantes.
Depois de várias provas, verificava-se que a canoa que representava aquela terra onde acontecem coisas ficava quase sempre em último lugar. Tentando perceber a razão de tão magros resultados os responsáveis daquela terra criaram um grupo de trabalho, uma comissão, um conselho de orientação e uma estrutura de missão para analisar a questão e, naturalmente, propor soluções.
A profícua, demorada e cara análise das estruturas criadas mostrou que, de uma forma geral, as canoas das outras terras tinham um timoneiro e dez remadores enquanto a canoa da terra onde acontecem coisas tinha um director-geral, dois assessores, dois subdirectores-gerais, dois directores de serviço, três chefes de divisão e um remador.
Ao constatar tal cenário, as estruturas nomeadas perceberam a razão dos sucessivos maus resultados e produziu vários relatórios, estudos e planos estratégicos que sustentassem e permitissem operacionalizar as mudanças necessárias.
Assim e de acordo com as determinações dos vários serviços com tutela na matéria, a tripulação passou a contar com um director-geral, um assessor, dois subdirectores-gerais, dois directores de serviço, quatro chefes de divisão e procederam também à substituição do remador.
Acontece que nas provas seguintes os resultados continuaram a ser péssimos e sentiu-se a necessidade de se tomarem, finalmente, medidas drásticas. De acordo com os pareceres de todas as estruturas criadas para análise do problema, a toda a tripulação foi atribuído um aumento de vencimento e um prémio de gestão O remador foi despedido com justa causa após um processo que evidenciou inaptidão funcional.
Recordei esta história, que já aqui contei, ao ler no Público que desde a sua tomada de posse, em Junho de 2011, o Governo criou 23 grupos de trabalho, 14 comissões, 3 equipas, 3 conselhos, uma estrutura de missão e 1 equipa de missão.

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