Era uma vez um rapaz chamado Mau.
Toda a gente, pequenos e mais velhos, achava o Mau o pior dos rapazes daquele
bairro e daquela escola. Metia-se com todos, arranjava problemas e até com
alguns dos alunos mais velhos, o Mau conseguia que o temessem.
Não demonstrava ter medo de nada
e procurava assustar quem lhe passava perto. Para alguns colegas, o Mau era o
mais popular e admirado, para muitos outros, o Mau era temido e desgostado. Já
fora castigado muitas vezes e quase diariamente passava por reprimendas, mas o
Mau não parecia incomodado com isso, adoptava sempre o seu estilo de quem não
tem medo de nada e se julga superior a todos.
Um dia, o Professor Velho, o que
está na biblioteca e fala com os livros, cruzou-se com o Mau no recreio e entre
duas brigas, interpelou-o, “Tu é que és o
Mau?”, o rapaz olhou para ele com aquele habitual ar de desafio, “Sou Velho, não se nota que sou o Mau? Que
queres, vens dar-me mais uma seca?”. O Velho riu-se e disse-lhe, ”Não, tu querias que eu te desse uma seca,
mas eu já não tenho secas para dar, só te queria mostrar isto que tenho aqui no
bolso”. Curioso e baralhado, o Mau aproximou-se e o Professor Velho pôs-lhe
à frente um espelho. De repente, quando se viu reflectido o Mau recuou
apavorado.
É, o Mau assustou-se, vivia cheio
de medo dele próprio, e espantava o medo para cima dos que estavam à volta. Com
a esperança de se livrar dele.
Alguns Maus são assim. Outros
não.
2 comentários:
Gostei...só a partir de um amadurecimento precoce pude compreender e ver tudo com outros olhos...até aí pensei que era tudo um mar de rosas...aprendi a aprender
Como todos nós, Maria.
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