Não é a matéria mais ajustada a
um tempo que é quase de férias. No Público está um excelente trabalho sobre uma
instituição que acomoda os que provavelmente serão os excluídos dos excluídos. Trata-se
da clínica psiquiátrica do Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo na
qual estão 158 pessoas que cometeram crimes e foram consideradas inimputáveis
por razões de doença mental.
A doença mental é uma das maiores
razões de exclusão nos nossos tempos. Apesar dos movimentos de
desinstitucionalização e, de deve dizer-se, dos progressos registados, as
pessoas com doença mental e as suas famílias confrontam-se diariamente com obstáculos
decorrentes da sua condição e estigma.
Se à doença mental juntarmos o
cometimento de algum crime temos um quadro ainda mais pesado.
A comunidade entende, naturalmente,
a necessidade de se proteger de pessoas que, aparentemente sem controlo e sem
que possam ser responsabilizadas pelos seus comportamentos podem desencadear
comportamentos social mente desajustados e com eventuais danos para terceiros.
No entanto, também é verdade que a
história de vida destas pessoas e o que continuará a ser constitui um retrato extraordinariamente
dramático da condição humana. Aliás, o título da peça, uma firmação de uma das pessoas mantidas na clínica é elucidativa, "não tenho pessoas que me aceitem".
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