O tempo está quente por aqui no
Alentejo. Nada de estranho, estamos no Verão. Sem disponibilidade para sair da
sombra estou a pensar no que foi a minha semana.
Começou com alguns dias
compridos, muito compridos, e cumpridos, muito cumpridos, nos Açores. Uma
comunidade em luta para combater o destino a que parecem estar destinados
muitas crianças e jovens, o insucesso e o abandono escolar. Gente competente e muito
empenhada em dar a mão aos miúdos para que atravessem a ponte, estreita e difícil,
que separa a margem em que vivem, a pobreza e a exclusão, da margem que lhes
possibilita um projecto de vida. Vamos ser capazes, temos de ser capazes.
Depois e por coincidência participei
num Encontro sobre Educação que tinha com temática “Os Muros da Escola”.
A idade dá-nos atrevimento e assinalando-se
os 500 anos da Utopia de Thomas Moore fui partilhar a minha Utopia, que um dia alunos
e professores fugissem para a escola, não porque se sintam mal nos seus ninhos
mas porque também se sentem bem na escola e para lá querem fugir.
É verdade que se tropeça em
muitos muros, uns mais altos que outros, uns mais visíveis que outros, uns mais
impostos, outros mais construídos, mas muros. Foi destes muros e das dificuldades
em minimizar o seu efeito que estivemos à conversa, estimulante achei eu.
De comum nesta semana intensa a
ideia de muita gente de que sim, é possível, tem de ser possível. É possível que todos, independentemente
das suas diferenças, caibam na escola e para já fujam.
Sim é difícil, claro, sempre
teremos algum tipo de insucesso, certamente, mas como diria Sebastião da Gama, “pelo
sonho é que vamos”.
Às vezes, quando falo nestas
coisas, eventualmente estranhas, penso se serão palavras ridículas.
Para me sossegar penso no Pessoa
e no seu enunciado sobre as cartas de amor, só as pessoas ridículas é que não
têm utopias.
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