Do relatório Caracterização Anualda Situação de Acolhimento de Crianças e Jovens – CASA, da responsabilidade do
Ministério da Solidariedade e da Segurança Social relevam alguns indicadores
que se referem sinteticamente.
Apesar de alguma melhoria o número
de crianças e jovens institucionalizados é ainda elevado, 8600 em Outubro
de 2015.
É particularmente significativo e
preocupante o aumento do número de situações que envolvem problemas de
comportamento, de saúde mental, de debilidade mental, de consumo de substâncias
ou de alguma forma de deficiência física ou mental, cresceu 38% neste último ano sendo que em 2014 já se tinha
verificado um acréscimo de 10% relativamente a 2013.
Uma nota ainda, uma em cada
criança ou jovem que estão institucionalizados já viveram algum tempo numa
outra instituição havendo situações com frequência duas, três ou mais.
São dispensáveis comentários sobre
os potenciais efeitos destas experiências de ruptura no desenvolvimento de
crianças e jovens e que se traduzem, aliás, no número de casos problemáticos no âmbito do comportamento ou da saúde mental.
Boa parte destas crianças e
jovens não tem qualquer espécie de segurança na construção de um projecto de
vida positivo e viável, a escassez de recursos e apoios face às necessidades é
mais um contributo negativo.
Uma pequena referência sobre o universo das crianças institucionalizadas. Há algum tempo um estudo realizado
pela Universidade do Minho evidenciava a maior dificuldade que crianças
institucionalizadas revelam em estabelecer laços afectivos sólidos com os seus
cuidadores nas instituições. Esta dificuldade pode implicar alguns riscos no
desenvolvimento dos miúdos e no seu comportamento. Estes riscos poderão estar
ligados ao aumento dos problemas de saúde mental e comportamento.
A conclusão não questiona a
competência dos técnicos cuidadores das instituições, mas as próprias condições
de vida institucional e aponta no sentido da necessidade e urgência de
encontrar alternativas à institucionalização, apesar das inúmeras dificuldades
que sabemos existirem. Enquanto não, os apoios e os recursos adequados são
imprescindíveis.
Neste universo, acresce a
dificuldade enorme de algumas crianças em ser adoptadas devido a situações como
doença, deficiência, existência de irmãos ou uma idade já elevada. Assim, muitas
crianças estarão mesmo condenadas a não ter uma família.
Há que continuar a tentar desatar
os nós da vida dos miúdos e a transformá-los em laços.
Sem comentários:
Enviar um comentário