Dados divulgados pelo ME
mostram que em 14/15 a percentagem de retenção dos alunos do ensino básico e secundário
manteve a trajectória de descida apesar de no caso de séries mais alargadas as
comparações requererem alguma cautela.
No entanto, o nível de retenção é
ainda grave, quase 10% de “chumbos no 2º ano de escolaridade é uma tragédia, estamos
a falar de crianças com sete anos.
Esperemos que as políticas educativas
possam assumir a vontade política e os respectivos custos de promover sucesso
educativo pelo investimento em recursos e dispositivos de apoio e não por fórmulas
administrativas ou tentações de facilidade, designadamente em matéria de
avaliação.
O caminho só pode ser nesse
sentido, o chumbo não tem como consequência o sucesso, antes pelo contrário,
prolonga e alimenta o insucesso.
Também vale a pena dizer,
repetir, que os progressos que nos últimos anos se têm registado e os estudos
comparativos internacionais sustentam têm sido conseguidos apesar do ME, apesar
dos últimos anos de política educativa e dos maus tratos e desinvestimento na
escola pública, dos cortes nos recursos humanos, docentes, técnicos e
funcionários.
Como quem acompanha este espaço
sabe que sempre entendi que os exames, sobretudo no 4º ano, não fabricam
sucesso, como também não fabricam insucesso.
A chave para promover qualidade situa-se
no âmbito dos processos e da sua organização, dos recursos e da sua valorização
e dos dispositivos de apoio para o trabalho de alunos e professores. Só a
consideração de forma robusta destas dimensões pode minimizar o passo final da
retenção.
Nuno Crato comenta estes
resultados elogiando, naturalmente a política por si seguida, insiste no mantra
da exigência e avisa que “é bom que as árvores não nos impeçam de ver a
floresta”.
Na verdade, o que é grave é que uma
parte significativa da floresta continua arder. Todos os anos temos muitas
árvores queimadas e impedidas de crescer e dar frutos.
Não é uma fatalidade ou destino.
É possível fazer melhor.
Não é uma fatalidade ou destino.
É possível fazer melhor.
2 comentários:
Boa Tarde, Caro Professor frequentei recentemente um curso de formação (Nível 5) de Gestão de Redes e Sistemas Informáticos pelo IEFP e o que me espantou foi a quantidade de chumbos ou na lovilíngua actual "Retenções"; A Ideia que fiquei por ter frequentado o ensino profissional e também ensino superior é que a Cultura de que o sistema de ensino tem que funcionar como 1 "crivo" em que só os melhores é que chegam ao fim ainda existe e esta bastante enraizada no sistema de ensino todo (regular, profissional e superior) e como disse o Professor e bem, há países em que não existem chumbos e o sistema de ensino funciona.
Cumprimentos
Ana.
Sem dúvida Ana. Existe um enorme equívoco quando se fala de exames e chumbos. A questão não é acabar com os exames ou que "os alunos passem sem saber". A questão é se chumbar produz sucesso e está provado que não. Dito doutra maneira, o que os países de que a Ana fala e eu falo,(Noruega, por exemplo) face ás dificuldades desencadeiam apoios logo que se notam. Os miúdos não se arrastam até ao chumbo. Os franceses costumam afirma "qui redouble, redoublera". E bem sabemos que assim é, quem chumba tende a continuar a chumbar donde o efeito do chumbo é ... baixo.
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