Dados os frequentes episódios de
afogamento de crianças ou jovens a Federação Portuguesa de Natação defende que à
semelhança do que se passa noutros países a natação seja uma actividade
obrigatoriamente disponibilizada aos alunos do 1º ciclo.
Como já tenho escrito sou dos que
defendo que a escola não pode engordar indefinidamente proporcionando a
crianças e jovens tudo o que lhes possa ser útil, só porque é na escola que quase vivem. Não pode ser esse o caminho,
a escola não deve e não pode ter tudo, dar tudo, as suas competências são
suficientes. Os alunos da escolaridade obrigatória já têm actividades que
cheguem, podem passar mais de 10 horas na escola por dia se assim o entenderem
ou precisarem os pais. O risco de “overdose”, de intoxicação é severo e são
conhecidos casos.
No entanto, também considero que
a aprendizagem da natação seria muito útil num país como o nosso e com o volume
de incidentes que se verifica, alguns com fim trágico.
É aqui e não através de uma
municipalização da escola que vejo uma área evidente de intervenção autárquica,
de uma forma geral são as autarquias que gerem os equipamentos desta área, os
transportes e os recursos humanos.
Para além dos benefícios da prática
e da aprendizagem da natação numa população escolar com défice claro de actividade
física como muitos estudos mostram, seria também um tempo em que as crianças
poderiam sair da escola.
É verdade que somos um país de
surfistas que desde novos apanham a onda certa numa qualquer jota partidária e
constroem carreiras de sucesso mesmo quando evidentemente não sabem “nadar”.
É também certo que muitas
crianças, mesmo sem a aprendizagem da natação, vão sobrevivendo às marés e
ondas que enfrentam em vidas complicadas e duras.
No entanto, um caminho
progressivo de fazer chegar a todas as crianças a aprendizagem da natação seria
algo de útil em diferentes sentidos. Acresce que, como sabem e agora por outras
razões foi notícia, alguns estabelecimentos privados de natação têm piscinas, e
que o acesso regular a equipamentos privados e com apoio técnico é inacessível
a muitas famílias.
Sem estranheza, também nisto a
desigualdade de oportunidades é evidente.
Sem comentários:
Enviar um comentário