terça-feira, 26 de julho de 2016

AVÓS, UM BEM DE PRIMEIRA NECESSIDADE

De acordo com o calendário das consciências passa hoje o Dia Mundial dos Avós.
A avozice é um mundo mágico no qual entrei há algum tempo com a abençoada chegada do Simão há três anos e do Tomás há quatro meses, e acho que ainda não consegui acomodar os sentimentos e a magia de acompanhar de perto, tão de perto quanto possível, o crescimento destes gaiatos que têm uma geração pelo meio.
Tem sido um divertimento, uma descoberta permanente e a percepção de um outro sentido para uma vida que já vai comprida e também, desculpem a confissão, cumprida.
Neste entendimento e como tem acontecido aqui no Atenta Inquietude a cada 26 de Julho, retomo a minha proposta no sentido de ser legislado o direito aos avós. Isto quer dizer, simplesmente, que todos os miúdos deveriam, obrigatoriamente, ter avós e que todos os velhos deveriam ter netos.
Num tempo em que milhares de miúdos passam muito tempo sós, mesmo quando, por estranho que pareça, têm pessoas à beira, e muitos velhos vão morrendo devagar de sozinhismo, a doença que ataca os que vivem sós, isolados, qualquer partido verdadeiramente interessado nas pessoas, sentir-se ia obrigado a inscrever tal medida no seu programa ou, porque não, inscrevê-la nos direitos fundamentais.
Com tantas crianças abandonadas dentro de casa, institucionalizadas, mergulhadas na escola tempos infindos ou escondidas em ecrãs, ao mesmo tempo que os velhos estão emprateleirados em lares ou também abandonados em casa, isolados de tal forma que morrem sem que ninguém se dê conta, trata-se apenas de os juntar, seria um dois em um. Creio que os benefícios para miúdos e velhos seriam extraordinários.
Um avô ou uma avó, de preferência os dois, são bens de primeira necessidade para qualquer miúdo.
Aina a propósito, uma pequenina história com avô e neto.
Um dia destes, nas minhas deambulações desportivas, reparo que na direcção em que me deslocava, estavam duas figuras de aparente baixa estatura que, quase deitados no chão, espreitavam para o meio das pedras que ladeavam a vereda.
Quando passei por eles, a minha baixa velocidade de corrida permitiu-me captar algumas frases.
João, ela escondeu-se neste buraco, vamos ver se a topamos.
Pois foi Avô, a lagartixa fugiu para aí. És capaz de a apanhar?
Vou ver se consigo, mas é só para a vermos e depois fica aqui em casa, nas pedras.
Pois é, é só para a gente ver e depois fica aí. Tinha umas cores mesmo fixes.
E lá ficaram a tentar apanhar a lagartixa que devia estar em pânico.
É curioso. Os velhos quando brincam com os miúdos e os miúdos quando brincam com os velhos, os avós, ficam parecidos. E felizes. Como eu, o Simão e o Tomás.

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