Vai iniciar-se o processo de
candidatura ao ensino superior que se prolongará por algum tempo e a escolha do curso reentra na agenda embora, provavelmente, muitos dos
alunos tenham a decisão tomada. O Público tem um trabalho em que alguns
especialistas sugerem questões a considerar no processo de escolha.
Algumas notas recuperadas sublinhando desde logo a importância da formação qualificada que nunca é demais
enfatizar num país em que os níveis de qualificação de nível superior são
insuficientes.
No que respeita à escolha do
curso, a questão mais colocada pode ser assim enunciada, os jovens deverão
seguir a sua motivação e interesses ou a escolha deve obedecer ao conhecimento do mercado de trabalho, isto é, nível de empregabilidade e saídas profissionais
tão abordadas pela imprensa nesta altura?
Para muitos de nós,
provavelmente, a resposta será fácil, seja num sentido ou no outro. Alguns
dirão que cada jovem deve, obviamente, seguir o seu desejo, o seu gosto, só
assim se realizará. Ideia romântica e sem noção da realidade que corre o sério
risco de desembocar no desemprego, dirão outros, para os quais a escolha deve
ser racional, pragmática, realista, o jovem deve procurar uma formação que lhe
garanta, tanto quanto possível, saída profissional e para isso deve
"estudar" o mercado e assim proceder à escolha. Os primeiros acharão
que este entendimento pode levar a um risco de frustração e desencanto que
podem instalar-se em quem "faz o que não gosta".
Na verdade não será fácil a
escolha para muitos jovens a que acresce, frequentemente, a pressão familiar ou
de outras pessoas para a "escolha acertada".
Dito isto, sou dos que entendem
que cada um de nós deve poder escrever, tanto quanto as circunstâncias o permitirem,
a sua narrativa, cumprir o seu sonho. Por outro lado, a vida também nos ensina
que é preciso estar atento aos contextos e às condições que os influenciam,
sabendo ainda a volatilidade e rapidez com que hoje em dia a vida acontece e
rápida variabilidade dos mercados de trabalho.
Nesta perspectiva, parece-me
importante que um jovem, sabendo o que a sua escolha representa, ou pode
representar, nas actuais, sublinho actuais, condições do mercado de trabalho,
faça a sua escolha assente na motivação ou no projecto de vida que gostava de
construir e, então, informar-se sobre as opções, sobre as escolas e respectivos
níveis de qualidade a que pode aceder para se qualificar.
Finalmente, do meu ponto de
vista, boa parte da questão da empregabilidade, mesmo em situações de maior
constrangimento, relativiza-se à competência, este é o ponto fulcral.
Na verdade, o que frequentemente
me inquieta é a ligeireza com que algumas pessoas parecem encarar a sua
formação superior, assumindo logo aqui uma atitude pouco "profissional",
cumprem-se os serviços mínimos e depois logo se vê. A formação académica é mais
do que um título que se cola ao nome, é um imprescindível conjunto de saberes e
competências que sustentam um projecto de vida pessoal e profissional com melhores
perspectivas de sucesso.
Mesmo em áreas de mais baixa
empregabilidade, ou assim entendida, continuo a acreditar que, apesar dos maus
exemplos que todos conhecemos, a competência e a qualidade da formação e
preparação para o desempenho profissional, são a melhor ferramenta para entrar
nesse "longínquo" mercado de trabalho.
Dito de outra maneira, maus
profissionais terão sempre mais dificuldades, esteja o mercado mais aberto ou
mais fechado.
Boa sorte e boa viagem para todos
os que vão iniciar agora esta fase fundamental nas suas vidas.
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