No mundo dos miúdos e dos graúdos
e das relações que estabelecem entre si, acontecem situações que, por vezes, me
parecem inexplicáveis. Na tentativa de encontrar junto de vós ajuda para entender
tais situações apresento-vos uma delas.
Quando em nossas casas, nos
contextos familiares, os miúdos pequenos mostram e fazem as suas tentativas de
se desenvolverem, por exemplo quando estão a aprender a andar ou falar,
observam-se alguns tropeções e embaraços com os sons e palavras. De uma forma
geral, os adultos por perto brincam e riem-se com estes incidentes, os miúdos
também, e, tranquilamente, continuam a tentar fazer melhor o que, obviamente,
acabam por conseguir. Tudo bem. Uns tempinhos mais tarde, os miúdos vão para a
escola e começam a aprender as coisas que a escola tem guardadas para lhes
ensinar, por exemplo, a ler e a escrever. Como é de prever, as tentativas dos
miúdos para ler e escrever não resultam logo, verificam-se alguns enganos e
tropeções. É aqui que justamente surge o mistério.
Contrariamente à situação
anterior, muitos dos adultos da escola e em casa não brincam e não riem com os
miúdos a propósito destes enganos e tropeções. Põem um ar muito sério e
sublinham “está errado”. Existem miúdos que se assustam quando, repetidamente,
lhes dizem de cara séria, “erraste”. Devagarinho, deixam de querer experimentar
fazer, não querem correr o risco de “errar”. Não experimentando, não vão
aprender, passam a preguiçosos e desmotivados. Alguns até acedem ao estatuto de
alunos com dificuldades.
Têm alguma explicação que me
ajude a entender esta diferença de atitudes?
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