Um dia comprido não me deixou
tempo para uma referência a breve às notícias sobre a falta de controlo sobre
as faltas e tempo de baixa médica por parte dos professores que ontem alguma
imprensa divulgou.
É um clássico. Recordo a
habilidade revelada nesta matéria por Maria de Lurdes Rodrigues.
Levantar esta questão e da forma
que habitualmente é tratada ajuda a manter uma pressão social sobre a classe dos
professores através da opinião pública “plantada” que é oportuna. Certamente
será uma coincidência mas vão abrir os concursos e, mesmo ao arrepio de
determinações da UE, muitos professores com imensos anos de serviço avaliado e
contínuo continuarão a não aceder a um lugar de quadro, uma peça fundamental na
estabilidade profissional, pessoal e familiar para além de se tratar de um evidente
incumprimento das disposições legais.
Claro que nunca se aborda esta
matéria de forma integrada com indicadores resultantes de estudos sobre os
níveis de stresse e risco de burnout que afectam um número altíssimo de professores.
Claro que não se aborda esta
matéria integrando o clima instalado nas escolas, competitivo, instável,
burocratizado e sem apoios.
Claro que nunca se aborda esta
matéria considerando o trabalho de um professor com várias turmas e muitas
dezenas de alunos, pressionado por um currículo que oprime pela sua extensão e
carácter normativo. Se esta circunstância não é amigável para os alunos, os
dados do trabalho ontem divulgado pela OMS mostram a apreciação muito negativa
os alunos sobre as aulas, pense-se no efeito que terá sobre o trabalho dos
professores.
Claro que nunca se aborda esta
matéria considerando o impacto negativo da concentração nos mega-agrupamentos e
centros educativos.
Outros aspectos poderiam ser
considerados mas estes exemplos mostram o óbvio. A pressão criada sobre os
professores com notícias assim colocadas e trabalhadas cumprem um objectivo claro,
fragilizar a classe.
É um tiro no pé. Todos os que
lidam com as questões da educação sabem que uma das características dos
sistemas educativos melhor sucedidos é, justamente, a valorização dos
professores.
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