O dossier aberto pelo Público sobre o que se passa nestas férias da Páscoa relativamente à existência, ou não, de TPCs mostram o quanto esta matéria merce ser discutida sem preconceitos e juízos
fechados.
Como tenho referido frequentemente
aqui e nos espaços de intervenção profissional, creio que o recurso aos TPCS clássicos
deve ser ponderado.
Em muitas famílias e com se
afirma em múltiplos trabalhos os TPCs clássicos têm ainda o problema de colocar
com frequência os pais em situações embaraçosas, querem ajudar os filhos mas
não possuem habilitações para tal.
A propósito, numa reunião de pais
em que participava e se discutia esta questão, dizia uma mãe, “o senhor, da
maneira que fala, se calhar é capaz de ajudar o seu filho, mas na minha casa,
chora a minha filha e choro eu, ela porque quer ajuda, eu porque não sou capaz
de lha dar.” Colocar os pais nesta posição parece-me inaceitável.
O recurso ao TPC deveria avaliar
se o aluno, cada aluno, tem capacidade e competência para o realizar
autonomamente, por exemplo, o treino de competências adquiridas. Na verdade,
porque milagre ou mistério, uma criança que tem dificuldade em realizar os seus
trabalhos na sala de aula, onde poderá ter apoio de professores e colegas, será
capaz de os realizar sozinha em casa? Naturalmente tal só acontecerá com a
ajuda dos pais ou, eventualmente, de "explicadores" a que muitas
famílias, sabemos quais, não conseguem aceder.
No entanto, do meu ponto de
vista, sobretudo nas idades mais baixas, o bom trabalho na escola deveria
dispensar o TPC. É uma questão de saúde e qualidade de vida.
Parece ainda de sublinhar que os
estudos sugerem que "é sobretudo a qualidade das aulas, mais do que o
tempo global de aprendizagem que está associado ao sucesso na aprendizagem.
Aliás, no citado relatório da OCDE também se conclui que não há uma relação
significativa entre o número médio de horas gastas nos TPCs e os resultados
escolares.
Retomando a questão em aberto
pelo Público dos TPC nas férias da Páscoa algo que já afirmei também numa
colaboração com a imprensa, as férias devem ser isso mesmo, férias sem as
mesmas rotinas e os mesmos trabalhos do tempo escolar.
Actividades como leitura, por
exemplo, não é um TPC, um dever a cumprir, é algo que se deve incentivar. A
leitura é só um exemplo.
6 comentários:
Plenamente de acordo! Sou professora mas acho inadmissível o que se passa com os tpc.
Sou contra os TPC's de uma forma geral, seja em período de férias, seja em período lectivo, por todas as justificações. As crianças acabam por ter ainda menos tempos livres que os adultos. Férias são férias! Os adultos costumam levar trabalho para férias? Se sim, então há algo de errado! Então porque é que as crianças têm de ter tpc's nas férias?! Ana B.
Como sabem existem muitos colegas com opiniões diferentes pelo que a cultura instalada sobre os TPCs não se altera facilmente.
Os TPC tambêm se deve ao facto de as crianças conseguirem descobrir, sozinhas, o "saber" sem que lhes seja indicado.
100% de acordo.deveria ser mais amplamente falado para mudar um pouquinho que fosse a mentalidade destes professores. Pois não somos todos iguais,com habilitações,tempo e recursos.mas uma coisa somos obrigados a ter:concordar e ter de aceitar aquilo pois o professor é a "autoridade"e nós servis pais e alunos
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